O exegeta Rashi nos pergunta: que diferença faz de onde ele partiu?
E responde: "Tsadik ozev, ossê roshem!" - quando uma pessoa justa parte, ela causa impressão no local de onde partiu. Sua partida faz a diferença!!!
Assim tem sido com minha querida mãe desde o seu falecimento na sexta feira de 12 de Yiar de 5778 (27/04/18), às 14:00 hs. Não imaginava que todas as coisas ao seu redor atuassem de forma a tornar o seu sepultamento o mais fácil e impressionante possível, dado o número de pessoas presentes, entre elas grandes rabinos, que se dispuseram a proferir palavras sábias.
Um dos seus desejos havia sido ser sepultada o mais próximo possível de sua mãe, minha avó Cecília, falecida em 2001. A chance disto acontecer era quase zero.
Contudo, a Chevrá Kadishá (Sociedade Cemitério Israelita) encontrou para ela um túmulo na mesma linha e a apenas poucos metros do de sua mãe, que ajudou-a a criar a nós, seus filhos, por motivos familiares.
Minha mãe deixou para mim e para meus irmãos numerário suficiente para proporcionar-lhe os derradeiros meses de sua vida com todos os cuidados médicos possíveis, perto da família, e inclusive para as despesas finais, cuja soma é vultosa. Nem aqui ela quis que tivéssemos problemas.
O mais notável é "de onde" ela partiu: foi numa véspera de Shabat, que os livros judaicos sagrados dizem levar a pessoa diretamente ao Gan Eden, e foi sepultada na data hebraica de Pessach Sheni, um mês após o Pessach, também chamado o dia da segunda chance, o que torna sua partida ainda mais especial e nos faz refletir sobre a segunda chance que Hashem dá a todos nós para nos emendarmos e para recomeçar.
Eu estava na cidade de Nashville, no Tennessee ,quando fui avisado pelo meu irmão para pegar o primeiro voo possível para o Brasil, o que ocorreu na noite do dia 26 de Abril de 2018.
Os horários não casavam e poderia perder este voo.
Pus-me então a partir. Peguei um ônibus para Atlanta, um voo que descobri de repente para Orlando, de lá para Congonhas e do aeroporto diretamente ao Hospital, não muito longe dali.
Pude abraçar e beijar minha mãe enquanto ela estava neste mundo, serena, ainda que alimentada por sonda. Finalmente os seus três filhos estavam juntos, ao lado da mãe.
Foi esta a última vez que estivemos todos juntos. Minha mãe faleceu poucas horas depois. Meu irmão chegou a dizer que ela estava esperando apenas a minha chegada para poder se despedir dos filhos.
"Tsadik ozev, ossê roshem!"
Quando uma pessoa justa parte, ela impressiona os que ficam.
Com sua partida, minha mãe impõe e mim e aos meus irmãos uma vida de moral, santidade e união.
Obrigado mamãe, por ter sido a melhor mãe do mundo!
seus filhos Paulo, Carlos e Eliana.
Com meu sobrinho Jayme, no barmitsvá do Tropícasher. |
Meus irmãos e eu, na infância e alguns anos atrás. |
* Bereshit (Genesis) 28:10 - Bíblia Hebraica, Livraria Sêfer.