ASSUNTOS PRINCIPAIS DA PARASHÁ MIKETS
Os sonhos do Faraó (41:1-4)
Passaram dois anos desde a libertação do copeiro, chefe dos vinhos do faraó e Iossef ainda está na prisão, totalmente isento de qualquer falta.
Certa manhã, o Faraó acordou assustado e com o coração palpitante, por haver tido um sonho intrigante. Neste sonho ele se encontra às margens do rio Nilo, quando dele emergiram sete vacas belas e saudáveis, que pastavam na grama do brejo. Então outras sete vacas, feitas e magras emergiram do rio. As sete vacas feias e magras comeram as sete vacas belas e saudáveis.
O Faraó voltou a dormir e voltou a sonhar, desta vez com sete espigas boas e abundantes com grãos crescendo numa só haste. De repente, sete espigas magras a ressecadas cresceram atrás delas e as engoliram. O coração do Faraó ficou agitado e ele mandou convocar todos os seus conselheiros logo pela manhã para que tentassem desvendar o significado dos seus sonhos. Mas ninguém propõe uma explicação convincente. Finalmente, o copeiro se dirige ao Faraó e lhe conta sobre um escravo hebreu que está na prisão, onde lhe havia interpretado um sonho com sucesso.
O Faraó manda trazer Iossef à sua presença.
Iossef soluciona o sonho e aconselha o Faraó (41:15-38)
Iossef está com trinta anos de idade quando lhe trazem à presença do Faraó, de banho tomado e vestido de acordo. O Faraó lhe conta os seus sonhos e Iossef os interpreta com presteza. Eis a interpretação: as sete vacas belas e as sete espigas abundantes significam sete anos de bênçãos para a agricultura egípcia. As sete vacas magras e as sete espigas murchas significam sete anos de fome que seguirão os anos bons. As vacas e as espigas magras engoliram as vacas e espigas gordas porque os anos de fome terminarão por “tragar” os anos de fartura que os antecederam, tornando-os esquecidos. Iossef explica que o fato do sonho ter se repetido indica que eles não tardaram a se concretizar do modo como ele os interpretou.
Iossef não se contenta apenas em interpretar os sonhos, vai mais além e oferece soluções administrativas para a economia egípcia, sugerindo ao Faraó que ele indique funcionários encarregando-os de um sistema de racionamento e abastecimento do Egito durante os anos de abundância.
O Faraó fica impressionado com a solução magnífica e a personalidade marcante de Iossef.
Da prisão ao trono de Vice-rei (41:39-52)
No mesmo ato, o Faraó declara que Iossef será o encarregado de todo o sistema financeiro e governamental do país. O cargo é definido como o de “Vice-rei”, quando na verdade trata-se de um reinante com poderes absolutos, tendo o Faraó deixado para si apenas a coroa real.
Faraó tirou seu anel da própria mão e o colocou na mão de Iossef; o vestiu com as mais finas roupas de linho e colocou uma corrente de ouro no seu pescoço, fez Iossef montar em sua segunda carruagem real fazendo-o ser anunciado como o Vice-rei.
O jovem Vice-rei casa-se com a filha de Poti fera, seu antigo patrão e nascem-lhe dois filhos: Menashe e Efraim. Iossef põe seu plano econômico em ação e começa a estocar quantidades incomensuráveis de grãos.
Os anos de fome (41:53-57)
A interpretação dos sonhos dada por Iossef concretiza-se com exatidão. Ao cabo dos sete anos de saciedade e fartura chegam os difíceis anos de estiagem. Os habitantes da região e das áreas circunvizinhas não estão preparados para tempos duros como estes e anseiam por um pouco de comida. Multidões acorrem ao palácio do Faraó pedindo auxílio. O rei envia todos a Iossef, que abre os celeiros do trigo e começa a vender alimentos à população.
Iossef ignora os irmãos (42:1-24).
A fome também acomete a Terra onde moram os filhos de Israel. Iaacov manda seus dez filhos ao Egito para abastecer a família com provisões. Mas prefere que Biniamin permaneça em casa. Os irmãos chegam à presença de Iossef e se prostram diante dele. Iossef os reconhece de imediato, mas eles não se lembram do jovem irmão, que agora ostenta uma barba e não reconhecem o nobre Vice-rei que está diante deles. Iossef os vê prostrando-se diante dele e lembra do sonho que tanto os havia irritado (inicio da Parashá Vaieshev). Iossef decide testar o relacionamento dos irmãos com o irmão mais jovem que havia sido vendido e sua predisposição para tentar liberta-lo, assim como a união de sua família após ter ele sido vendido.
Iossef ignora os irmãos e culpa-os de serem espiões. Haviam informado-o que eles entraram no país por dez acessos diferentes e Iossef o expõe a eles. Sua justificativa era que entraram no país por dez acessos diferentes para procurar pelo irmão perdido. Iossef redargua e pergunta como farão para pagar pelo resgate do irmão caso o encontrem. Os irmãos respondem que concordarão com todas as condições. Iossef contenta-se com a resposta e indaga sobre o que fariam se condição alguma fosse aceita em troca da libertação do irmão perdido. Os irmãos respondem firmemente que estão dispostos a matar e a morrer por seu irmão. Iossef satisfaz-se com a resposta, mas não o demonstra. Pelo contrário, exteriormente, aproveita a resposta dos irmãos para fortalecer seu argumento de que seriam pessoas perigosas para o reino egípcio.
Iossef quer testar a integridade dos irmãos. Como estes haviam contado que tem um irmão mais novo em casa, deveriam enviar um dos irmãos de volta a casa para buscá-lo e deste modo comprovar que estão dizendo a verdade. Os demais deveriam permanecer detidos no Egito. Os irmãos não concordam e vão parar todos na prisão por três dias. No terceiro dia Iossef propõe uma barganha: somente um deles, Shimon, permaneceria detido e o restante voltaria à casa com provisões. Shimon seria solto quando eles retornassem com Biniamin.
Iossef os ouve arrepender-se do que lhes estava passando, culpando-se por o haverem vendido e por terem se portado de modo reprovável. Iossef sai para que não o vejam chorar. Quando volta, manda sua guarda soltar os irmãos e deter apenas a Shimon.
Os filhos de Israel retornam a casa (42:25-38)
Os irmãos voltam para Canaã. Iossef manda seus servos colocar o dinheiro que eles haviam pago pelos alimentos dentro das sacolas de trigo. Quando fizeram uma pausa numa estalagem, um deles abriu sua sacola e eis que havia dinheiro, para seu espanto. Quando chegaram em casa, todos eles descobriram que seu dinheiro lhes havia sido devolvido. Perceberam que estariam sendo submetidos a mais um teste e contaram a seu pai tudo o que lhes havia passado no Egito.
Iaacov recusa seu pedido para voltarem ao Egito com Biniamin. Ainda está emocionalmente ferido pela desaparição de Iossef e agora Shimon também não está. Apesar de todos os esforços para convencê-lo, Iaacov decreta que Biniamin ficará em casa.
Iaacov se convence e decide deixar que Biniamin parta com eles (43:1-15)
As provisões tornam-se escassas e a fome ainda impera em Canaã. Iaacov pede novamente aos filhos que desçam ao Egito levando consigo Biniamin e em suas mãos um presente ao rei do Egito, juntamente – é óbvio – com o dinheiro que trouxeram de volta junto às sacolas de alimentos.
Mistérios no Egito (43:16-34)
Iossef se emociona ao ver seu querido irmão Biniamin, único irmão filho de sua mãe Rachel. Á sua ordem, seu mordomo chefe leva os irmãos à sua casa e convida-os para uma refeição. Os irmãos são levados á casa do Vice-rei perplexos, confusos e temerosos. Não sabem o que os espera e tentam explicar ao mordomo o desenrolar dos acontecimentos. O mordomo os tranqüiliza e sugere que se sintam à vontade esperando pela chegada de Iossef para a refeição.
Durante a refeição acontecem coisas estranhas e até misteriosas. Usando uma taça de prata que faz tilintar, Iossef “adivinha” o currículo de seus irmãos desde o nascimento e decide que Biniamin sentará ao seu lado.
A refeição transcorre dentro de um clima amigável e prazeroso. No final, para assombro dos irmãos, Iossef lhes dá inúmeros presentes, sendo os de Biniamin superior ao dos demais. Os irmãos partem para Canaã levando Shimon e Biniamin consigo, alem das sacolas repletas de provisões e presentes. Estão perplexos e confusos com tudo o que aconteceu.
As artimanhas continuam (44:1-14)
Os irmãos nem bem se afastam da cidade e começam a ouvir vozes de gente os perseguindo. A sensação de tranqüilidade é substituída rapidamente por um sentimento de frustração e ira. O mordomo de Iossef os manda deter e pede para examinar seus pertences. O mordomo argumenta que a taça mágica de Iossef foi roubada e que eles são os principais suspeitos. Os irmãos explicam que tudo isto não tem sentido, pois haviam devolvido o dinheiro que Iossef lhes devolveu por iniciativa própria, então como haviam de ser por roubar a taça?!
Os irmãos estavam seguros de serem inocentes e como prova se comprometem a entregar a vida daquele sob cuja posse fosse encontrada a taça, ao mesmo tempo em que os outros irmãos se tornariam escravos de Iossef. O mordomo inicia a busca e acaba encontrando a taça misteriosa dentro da sacola de Biniamin.
Os irmãos rasgam as vestes como sinal de pesar pela nova tragédia que acomete sua família e todos juntos ao Egito, ainda a tempo de encontrar Iossef em casa e cair aos seus pés.
Iehudá, aceitando que todo este infortúnio fazia parte do decreto Divino, sugere a Iossef que todos passem a ser seus escravos.
Iossef não concorda. O “criminoso” precisa pagar pelo que fez. Biniamin permanecerá no Egito enquanto podem sair e voltar para casa.
Esta Parashá tem 146 versículos .
R.Shmuel Lancry
-989312690-