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Sociologist by the University of Haifa, specialized in approaches for the gates of knowledge improving communication between Jews and non-Jews. This is an open way to communicate with Jews from Israel, USA, Canada, Europe or those who live in Latin American countries but do not speak Portuguese (in Brazil) or Spanish (all other countries besides Guianas)

'ATCHIM !!!' - Por Que Espirramos ?

MEOR HASHABAT SEMANAL - por Gerson Farberas




 Você já se perguntou por que é costume dizer “Saúde!” quando alguém espirra, mas não quando tosse ou qualquer outra manifestação de nossos corpos?

Na verdade, é bastante notável que seja um costume mundial desejar boa saúde ou uma bênção ao ouvir alguém espirrar. Em hebraico a expressão é “labriut – para a sua saúde” e da mesma forma em espanhol é “salud”, “God bless you” em inglês, enquanto em alemão e iídiche é alguma versão de “gezundheit!” Qual a razão deste fenômeno global que envolve o ato de espirrar?

Há uma passagem fascinante no Talmud que está relacionada à porção desta semana da Torá. Na leitura da Torá desta semana encontramos:

“Foi dito a Yossef (José): ‘Seu pai adoeceu’. Ele (foi ver seu pai e) levou consigo seus dois filhos, Menashe e Efraim” (Gênesis 48:1)

O Talmud (Baba Metsia 87a) comenta este versículo e nos ensina um fato intrigante: “Até a época de Yaacov (Jacob) não havia fraqueza ou qualquer debilidade física que precedesse a morte. Yaacov orou por misericórdia Divina e a fraqueza que geralmente precede a morte veio ao mundo”.

Em outras palavras: antes de Yaacov as pessoas morriam repentinamente e sem aviso prévio. Yaacov orou para que o Todo-Poderoso permitisse que eles/elas sentissem que a sua morte estava se aproximando e, portanto, lhes desse a oportunidade de colocar seus negócios em ordem antes de falecerem.

Isto foi particularmente importante para Yaacov porque ele queria reunir seus filhos ao seu redor e dirigir-lhes palavras de despedida quando a sua morte fosse iminente. Uma das razões para isso foi que havia algumas críticas que ele queria fazer a alguns de seus filhos, e ele só queria fazê-las quando estivesse em seu leito de morte (expliquei o motivo disso em colunas anteriores). Na verdade, Moisés aprendeu esta lição com Yaacov e fez o mesmo - esperou até os últimos dias de sua vida para dirigir ao povo judeu suas críticas finais.

É claro que, se não havia enfraquecimento antes da morte, surge a seguinte questão: Antes da época de Yaacov, as pessoas simplesmente morriam repentinamente? Em outras palavras: como era seu processo de morte?

Há um Midrásh (uma antiga coletânea de explicações bíblicas dos tempos talmúdicos) conhecido como “Pirkei D’Rabi Eliezer – Os Capítulos do Rabino Eliezer”. Esta obra, uma coletânea de cerca de 54 capítulos de história que tratam principalmente do Livro do Gênesis, tem pelo menos 1.200 anos e pode até estar próxima de 2.000 anos.

Nele (capítulo 52) encontramos uma elaboração da passagem acima mencionada no Talmud:

“Desde o dia em que o céu e a terra foram criados, ninguém jamais ficou doente; se alguém estivesse na estrada ou no mercado, espirrava e sua alma saia pelas narinas. Até que nosso Patriarca Yaacov orou a D’us sobre isso, dizendo: ‘Senhor de todos os mundos! Não tire a minha alma de mim antes que eu tenha a oportunidade de dar instruções aos meus filhos e à minha casa'. D’us concordou com ele, como diz o versículo: 'Depois desses acontecimentos, foi dito a Yossef: 'Eis que seu pai está doente’. Todos os povos do mundo ouviram falar disso e ficaram surpresos, pois nada parecido havia acontecido desde que o céu e a terra foram criados.”

Assim, conclui o Midrash, desejamos ‘vida’ a quem espirra, uma vez que isso costumava representar o início da morte. 

Curiosamente, existe um reflexo involuntário de fechar os olhos ao espirrar e é um daqueles mistérios científicos que não tem uma resposta realmente conclusiva sobre por que o corpo faz isso. Muitas vezes me perguntei se os dois conceitos estavam relacionados.

Ainda assim, pode-se perguntar por que o espirro foi escolhido como o processo para o início da morte?

Quando D’us criou o ser humano, a Torá afirma: “E D’us formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas a alma da vida; assim, o homem tornou-se uma alma vivente” (Gênesis 2:7). 

À medida que a alma humana entra por nossas narinas, poderíamos nos aventurar a concluir que talvez seja apenas natural que a pessoa devolva a sua alma ao Criador numa inversão deste processo: um espirro. Então Yaacov pediu ao Todo-Poderoso para que o processo de morte fosse prolongado e envolvesse um declínio físico do próprio corpo.

Assim, no Livro do Gênesis encontramos duas versões da mistvá (mandamento) de visitar os enfermos: 1) Quando o Todo-Poderoso foi visitar Abraão após a sua circuncisão e 2) quando Yossef levou seus dois filhos para visitar seu pai Yaacov, que adoeceu antes de sua morte.

Estes dois exemplos de bikur holim – visitar os doentes – têm duas propostas distintas e únicas para cada um. 

No primeiro exemplo, quando o Todo-Poderoso veio visitar Abraão, Ele veio para fortalecer e rejuvenescer o seu espírito, e este é um componente fundamental para que o enfermo seja colocado no caminho de retornar à boa saúde anterior.

Mas há outro exemplo de bikur holim, em que a pessoa está com uma doença terminal e, muito provavelmente, não vai se recuperar. Alguém que visita os enfermos nesta situação tem de estar ciente das questões mais amplas em jogo.

 Essa visita torna-se um reconhecimento do impacto que a pessoa causou neste mundo e do legado que deixa. É por isso que Yossef trouxe seus dois filhos para se encontrarem com seu pai e receberem a bênção final de Yaacov para eles.

Ao cumprir a mitsvá de bikur holim é necessário entender que não se trata simplesmente de aparecer no quarto em que está a pessoa doente. 

É importante considerar por que estamos indo e o que estamos tentando realizar com essa visita. Desta forma podemos realmente ajudar a pessoa que visitamos – e só assim cumprimos devidamente a mitsvá de bikur holim.

Saúde a todos!




 
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