Já escrevi algumas vezes sobre algumas das discussões e desentendimentos acalorados encontrados à mesa de Shabat da minha família. Na noite de 6ª-feira passada observei, com bastante divertimento, 2 dos meus filhos discutindo sobre a solução correta para um conhecido enigma matemático.
Um dos filhos é um pensador conceitual muito avançado, com uma inclinação natural para a filosofia. O outro é extremamente lógico e linear, além de engenheiro. É claro que eles discordavam sobre se a abordagem filosófica poderia ser aplicada na prática e, caso não pudesse, se ainda seria uma solução válida. A discussão durou talvez 20 minutos, cada um se recusando a ceder.
Observando-os, lembrei-me da seguinte passagem do Talmud (Kidushin 30b): “Disse R’ Hiya: ‘Mesmo um pai e um filho ou um professor e um aluno que estão sentados estudando Torá [na sala de estudos], tornam-se inimigos, mas não saem de lá até se tornarem amigos devotados’”.
A razão pela qual se tornam inimigos é porque as conversas intelectuais podem ficar muito acaloradas e os desafios e refutações são lançados com certa intensidade (assim como algumas inferências e insinuações vagas ou não tão vagas quanto à falta de inteligência do outro).
Mas, como afirma o Talmud, essas discussões terminam com os ‘combatentes’ se tornando verdadeiros amigos. Isso porque a motivação para a discussão era honesta; era para iluminar um conceito da Torá ou filosófico e não para menosprezar ou denegrir o outro indivíduo. Assim, eles se unem no estudo da Torá.
Sei que muitos leitores usam esta coluna como ‘trampolim’ para conversas em suas mesas de Shabat. Portanto, apresento um dilema filosófico bem conhecido na esperança de que leve a discussões significativas e talvez até mesmo a um vínculo familiar mais próximo por meio da Torá: “É melhor desejar pecar e se conter ou é preferível nem querer pecar?”
No final da porção da Torá desta semana, encontramos nada menos que 47 versículos dedicados à identificação das várias criaturas casher e não casher: animais, peixes, pássaros e insetos. Considerando a brevidade habitual da Torá em relação a muitos tópicos, a extensa elaboração de alguns dos pontos mais sutis das leis da kashrut (casher) é bastante notável.
Talvez isso possa ser compreendido pelo tema central que os alimentos desempenham em nossa vida cotidiana. Afinal, acabamos de terminar uma festividade cuja celebração inteira é mais ou menos centrada em torno de uma longa refeição festiva – o Seder de Pessach. Voltando ao nosso dilema filosófico, encontramos um versículo muito relevante para esta discussão na leitura da Torá desta semana:
“Para distinguir entre o impuro e o puro e entre os animais que podem ser comidos e aqueles que não devem ser comidos” (Levítico 11:47)
O versículo se refere a ‘animais casher’ como aqueles que podem ser comidos (veganos, animem-se – não há uma ordem para comê-los – é apenas uma permissão), enquanto ‘animais não casher’ são identificados como aqueles que não podem ser comidos. A Torá distingue claramente entre ‘animais casher’ e ‘não casher’.
‘Animais casher’ são designados como ‘comestíveis’ enquanto os ‘não casher’ não são designados como ‘não comestíveis’; em vez disso, são designados como ‘proibidos de serem consumidos’. Embora isso possa parecer um detalhe pequeno e insignificante, trata-se, como veremos a seguir, de uma distinção monumental.
Maimônides (Espanha e Egito, 1135-1204) escreveu um conhecido tratado filosófico chamado Shmona Prakim, uma introdução ao Pirkei Avot – Ética de Nossos Antepassados. O Pirkei Avot é uma coletânea de sabedoria e ensinamentos éticos de muitas gerações de Sábios judeus.
No sexto capítulo deste livro encontramos a questão que levantamos acima: “Qual o nível mais elevado de moralidade? É melhor não querer pecar ou é melhor desejar pecar, mas controlar seus desejos?”
Maimônides responde que depende do tipo de pecado que se deseja cometer, e então os divide em duas categorias. A primeira são aqueles pecados que “são comumente aceitos como males, como assassinato, roubo, ingratidão, desprezo pelos pais e semelhantes”. Como Maimônides aponta: “Esses são pecados que nossos Sábios disseram que ‘mesmo que não tivessem sido escritos em lei, seria apropriado adicioná-los’”. São atos que se pode racionalmente entender como errados e qualquer sociedade civil naturalmente os adicionaria ao seu código de conduta.
A segunda categoria são pecados que, se a Torá não os tivesse proibido, não seriam considerados transgressões. Aqui se inclui: leis sobre o que constitui comida casher, a proibição de usar roupas feitas de lã e linho, casamentos consanguíneos e transgressões semelhantes. Esses são atos e comportamentos que
não reconheceríamos como errados se a Torá não os tivesse proibido.
Segundo Maimônides, em relação à primeira categoria, a de "pecados racionais", é melhor não querer cometê-los. Como ele mesmo define: "a alma que deseja esses pecados tem um defeito". Ou seja, uma pessoa com alguma sensibilidade em relação aos outros e ao mundo ao seu redor entenderia instintivamente que esses atos constituem um comportamento impróprio. Desejar cometê-los constitui um defeito moral.
A segunda categoria contém pecados que são proibidos apenas porque a Torá os proíbe, não porque sejam moralmente errados. Segundo Maimônides, em relação a esses pecados, é melhor dizer: "Eu desejo cometê-los, mas o que fazer? O Todo-Poderoso os proibiu". Em outras palavras: podemos desejar um cheeseburger, bacon ou frutos do mar, mas receberemos um “crédito extra" por exercer controle sobre nossos desejos porque D’us nos pediu para não comê-los.
A brilhante distinção de Maimônides também pode ter aplicações muito práticas em uma variedade de situações em nossa vida cotidiana. Por exemplo: os membros do Povo de Israel não deveriam rejeitar mariscos por considerá-los repulsivos. Em vez disso, deveriam se recusar a consumi-los porque o Todo-Poderoso lhe pediu para não comê-los. (Além disso, qualquer pessoa que já tenha comido língua, timo de vitela ou um verdadeiro kishke certamente já abandonou a noção de que não comerá coisas que parecem repugnantes para muitas pessoas normais).
Da mesma forma, existem muitas pessoas atualmente observadoras da Torá que cresceram sem o conhecimento dos mandamentos da Torá. Como devem encarar as indiscrições de seu passado? É permitido que se lembrem ‘com carinho’ de suas vidas passadas, quando gostavam de comer mariscos, porco e x-burgers?
Com a explicação de Maimônides, a resposta parece ser ‘sim’. Talvez elas sejam ainda mais recompensadas por saberem o que estão perdendo e escolherem livremente aderir às leis da cashrut porque é o que o Criador deseja. É por isso que a Torá descreve os animais não-casher na porção da Torá desta semana como aqueles que somos ordenados a não comer em vez de chamá-los de ‘não comestíveis’.
Há muitos que tentam explicar as leis da observância casher como racionalizações para alcançar melhores resultados de saúde (por exemplo: comer carne de porco pode causar triquinose, misturar leite e carne tem efeitos deletérios no corpo, comer carne devidamente abatida tem menos toxinas e hormônios do que animais abatidos da forma não-casher, camarão e lagosta têm níveis de colesterol extremamente altos e, portanto, casher é uma maneira mais saudável de viver, etc.).
Embora algumas dessas alegações possam ser válidas, a teoria geral é falha. A razão pela qual não comemos esses alimentos proibidos não é porque são "não comestíveis". Não os comemos simplesmente porque o Todo-Poderoso, que tem apenas o nosso bem em mente, nos proibiu de comê-los. Observar as leis da kashrut é um lembrete constante de que vivemos em um universo teocêntrico!
Porção Semanal da Torá: Shemini Vaikrá (Levíticos) 09:01 - 11:47
Concluídos os 7 dias de inauguração do Mishcán (o Santuário Portátil), Aharon, o Sumo-sacerdote, traz oferendas em nome de toda a nação Judaica e em seu nome. Nadáv e Avihú, filhos de Aharon, trazem uma oferenda de incenso por iniciativa própria e são consumidos por um fogo celestial.
Os Cohanim são ordenados a não realizar seu serviço embriagados. O Serviço inaugural é completado. D’us especifica as espécies que são casher para se comer: mamíferos (aqueles que têm casco fendido e são ruminantes), peixes (aqueles com escamas e nadadeiras) e aves (as não predadoras). A porção conclui com as leis de impurificação espiritual pelo contato com carcaças de certos animais.
Horário de Acender Velas de SHABAT: (25 de abril)
S. Paulo: 17:24 h Rio de Janeiro 17:10 Recife 16:53 Porto Alegre 17:34 Salvador 17:02 Curitiba 17:32
B. Horizonte 17:17 Belém 17:53 Brasília 17:37 Jerusalém 18:35 Tel Aviv 18:57 Miami 19:29 N. Iorque 19:26
Pensamento da Semana:
“Sabedoria É Reconhecer que Nem Tudo Requer um Comentário!”
Shabat Shalom Rabino Ytschak Zweig Contate-me via Internet: meor018@gmail.com
Sugestão: mostre este fax a seus familiares! Este fax é dedicado à memória de meu pai Zeêv ben Ytschak Yaacov Z”L e meu sogro Haim Shaul ben Sara Z”L
ESTA EDIÇÃO É DEDICADO À PRONTA RECUPERAÇÃO DE:
Avraham ben Guila - Avraham ben Guila – Avraham ben Ester Miriam – Baruch Shimon Betsalel bem Rachel - Beni ben Shoshana Reizel - David ben Sara - Eliau Haim ben Shefica Sofia – Gilbert Shmuel ben Mazal – Michael Shmuel ben Regina Malka - Mordehai ben Sara – Moshe Eliezer ben Devora Hana – Moshe Eliahu ben Celia Haia Tzila - Pessach ben Sima – Yaacov ben Rivka – Yeshaiahu ben Yacobina – Zeev bem Daha - Rabino Avraham Haim ben Rechel – Rabino Meir Avraham ben Malca – Rabino Pessach Yossef ben Hinda - Rabino Shimon ben Haia Sara - Rabino Ytschak Rafael ben Lea – Rabino Ytschak David ben Haia Rivka Rachel Tzivia - Rabino Shlomo ben Hodie Hadassa - Rabino Tzvi Shmuel ben Ester Lea – Rebe Moshe ben Raizel
Aliza Bracha bat Simona - Fani bat Sara – Fruma Rachel bat Sossie Haika – Michal bat Simona - Naomi bat Yacobina - Senhora Creindel bat Hana - Sara bat Sheindel - Sara bat Toibe – e aos feridos em Israel
E à MEMÓRIA DE: RABINO DAVID BEN MOSHE FEINSTEIN Z”TL, MOSHE ELIEZER BEM DAVID MORDEHAI, MOSHE BEN YEHUDA MUNIS, YTSCHAK BEN RACHEL, YAACOV BEN MIRIAM,YOSEF BEN PEREL, RABINO KALMAN MOSHE BEN REUVEN AVIGDOR, RABINO ISRAEL YEHEZKEL BEN YOEL HALEVI Z”TL, ISO ARKADER BEN HAVA LEA, RABINO EZRIEL BEN AHARON, RABINO ISRAEL AVRAHAM BEN SHEINA RACHEL (SKULANER REBE), EFRAIM FISHEL BEN ESTER, RABINO REUVEN SHALOM BEN SOL SHULAMIT , RABINO MOSHE BEN RIVKA REIZEL , RABINO AHARON YEHUDA LEIB BEN GUITEL FAIGA, SHAUL BEN MEIR AVRAHAM, YERACHMIEL SHMUEL BEN ESTER, NAHUM BEN LEA, RABINO SHLOMO BEN ZLATE ESTER, MOSHE YSSER BEN SHIMON BETSALEL HACOHEN, YEHIEL MENDEL BEN DAVID, YAACOV BEN MOSHE, AZRIEL BEN AVRAHAM, SHMUEL DANIEL BEN ZISSEL, HIZKIAHU ELIEZER BEN LEA, MORDECHAI ISAAC BEN DINA, AVRAHAM BEN MEIR, AHARON BEN YEHUDA BARUCH, HaAri HaKadosh, MOSHE BEM REUVEN, ARIE LEIB BEN YTSCHAK,TSEMACH DAVID BEN HAIM LEIB, EZRA BEN ESTER, YTSCHAK ARIE BEN YOSSEF TZVI HALEVI, YAKOV BEN SHEPSEL, FARAJ BEN THERE, AVRAHAM SHLOMO BEN CHASSIA SHENDEL PEREL, YAACOV NAFTALI BEN RACHEL DEVORE, GUILAD MICHAEL BEN BAT-GALIM, EYAL BEN IRIS TESHURA, JOSÉ SALEM BEN BOLISSA, KALMAN BAR YAACOV LEIB, ARIEL BEN YAACOV, LEAO ARIE BEN SONIA SHENQUE, NUCHEM BEN FRAIN, SHAUL BEN YOSHUA, SHLOMO BEN FRIDA, SHLOMO NAHUM BEN SHALOM, YAACOV BEN MENAHEM, YOSSEF HAIM BEN AVRAHAM, YEHOSHUA BEN AHARON YAACOV, NACHMAN MOTEL BEN DANIEL, LEIB BEN TSUR, MOTEL BEN MOSHE, HERSHEL BEN MANES, NATAN BEN AHARON WOLF HACOHEN, MENAHEM BEN YEHUDA BARUCH, ALTER YOSSEF BEN SHMUEL, EFRAIM FISHEL BEN MOSHE, EZRA BEN CLARA, RABINO NOAH ISRAEL BEN HARAV YTSCHAK MATISYAHU, YEHUDA ROZANCZYK BEN MOSHE, YOSSEF HAIM BEM AVRAHAM, YEHOSHUA BEN ISRAEL YTSCHAK, ELLIE ZALMAN BEN AVRAHAM DAVID, R’ ARYE KUPINSKY H”YD, R’ AVRAHAM SHMUEL GOLDBERG H”YD, R’ KALMAN LEVINE H”YD E R’ MOSHE TWERSKY H”YD, RABINO ELIMELECH BEN BLUMA ROIZE.
ESTER BELA BAT MEIR REUVEN, HAIA MUSHCA BAT MARGALIT SIMA RACHEL, HAIA RIVKA RACHEL TZIVIA BAT TAMAR, MIRIAM BLIMA BAT HAIM LEIB, TAUBE YONA BAT ESTHER, HANA BAT MOSHE, YAFA BAT SALCHA, ITA BAT AVRAHAM, SHIRLEY BAT AVRAHAM, HAYA BAT YEHUDA BARUCH, ESTER BAT HANA, REIZEL BAT AVRAHAM, RUTH BAT ROSA, ESTHER LEA BAT YOSSEF MOISHE, ESTER MALCA BAT HASSIA SHEINE PERL, ESTER SANDRA BAT AVRAHAM, FAIGA BAT MORDEHAI HALEVI, MINDL BAT YOSSEF ,DINA LIBE BAT ETEL AZRAK, RUTH BAT SARA BRAHA, CHAIA RUCHEL BAT SINE, HAVA BAT AVRAHAM YAACOV, BASIA RACHEL BAT MAYER, RACHEL BAT HANNA, RACHEL BAT AVRAHAM SHMUEL, CARMELA BAT SHMUEL, RIVKA BAT DOV, SARA MALKA BAT ISRAEL.
E À YESHUÁ DE: Mordehai ben Sara, Yehoshua Michael ben Sara, Eliezer ben Hana, Shimon ben Rivka, Menahem Mendel ben Miriam e Elisheva bat Shmuela, Haim Yehoshua ben Hana Shaindel e Lea Kreindel bat Hantse Yahat
E À LIBERTAÇÃO DE: Ron ben Batia Arad, Yonatan ben Malca, Guy ben Rina, Zacharia Shlomo ben Miriam, Yehuda Nachman ben Sara, Tzvi ben Penina, Yaacov ben Sara, Ilya ben Sara, Yehoshua Michael ben Avraham, Meir ben Sara, Natanel ben Rivka, Meir Daniel ben Rachel e os cativos em Gaza
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