Por Aron Moss
Pergunta:
Estou
em Isrel e me deparei com uma situação em que não sei o que fazer e talvez você
possa ajudar, pois é a única pessoa religiosa que conheço. Estes dias encontrei
uma antiga colega que está estudando aqui em algum seminário judaico e
tornou-se religiosa. Falei com ela por apenas alguns minutos e já deu para
perceber que ela sofreu uma completa lavagem cerebral. O modo como falava
parecia que estava pregando em um culto; foi assustador! Nada tenho contra
religião, mas o judaísmo religioso é um culto?
Resposta:
Embora o
judaísmo não seja uma seita, pode às vezes ser praticado de forma
assustadoramente semelhante a como as pessoas se comportam em um culto.
Qual a
diferença entre uma seita e uma religião?
A maioria
das pessoas define o termo “seita de modo tão vago que qualquer um que tenha
uma opinião forte poderia ser classificado como seguidor de algum culto.
A melhor
definição que tenho escutado é essa: a religião é um movimento em que as
pessoas se encontram, enquanto o culto é é um movimento no qual elas se perdem.
Um culto
sequestra sua identidade e transforma-o em alguém que você não é. A verdadeira
religião deve reforçar e aprofundar a sua identidade para torná-lo uma pessoa
melhor.
Pessoas que
encontram a religião passam por mudanças. Aprendem a explorar partes da personalidade
que jamais souberam existir. Como resultado, frequentemente reavaliam a si
mesmas e as suas vidas. Todo crescimento é acompanhado por alguma mudança e
instabilidade, portanto podem passar por um curto período onde parecem um tanto
estranhas para seus amigos e sua família. Podem até missionarizar um pouco, e
tentar “converter” todos ao redor. Têm boa intenção – apenas querem partilhar
sua nova inspiração com aqueles que amam. Isso é normal, e a família deveria
tentar ser paciente. Porém, se começarem a se transformar numa pessoa
totalmente diferente, se parecem irreconhecíveis, então pode haver motivo para
preocupação.
Se elas
perdem sua personalidade, seu senso de humor, seu interesse pelos outros, ou
sua habilidade de pensar, então podem ter perdido a si mesmas. Se esses
sintomas persistirem, procure conselho rabínico. Elas podem ter se tornado
presas a um culto – ou estão usando a religião como uma seita. Os cultos exigem
que você salte para dentro sem questionar. Mas quando você faz essas mudanças
instantâneas, terá de deixar para trás o seu próprio ser. Essa não é a maneira
judaica.
O Judaísmo
encoraja o questionamento, até o cepticismo honesto. O desenvolvimento
espiritual judaico é feito gradualmente e com pensamento. Assim as mudanças
serão verdadeiras, pois se integram e se harmonizam com sua personalidade e não
a dominam.
Dê algum
tempo para a sua amiga. Se ela de fato sofreu lavagem cerebral, provavelmente
isso não vai durar – ela vai saltar fora tão depressa como entrou. O Judaísmo
não pode ser usado como um culto por muito tempo. Porém o mais provável é que
ela vai se equilibrar, e seu antigo “eu” voltará novamente, mas com uma
profundidade e direção que ela jamais teve antes. Às vezes você tem de perder a
si mesmo um pouco para novamente se encontrar.
Shabat Shalom.
Ktivá Vachatimá Tová Leshaná Tová
Umetucá!
Rabino Eddy Khafif
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