Qual você acha que será a primeira pergunta que seremos
questionados no Mundo Vindouro? O Talmud (Shabat 31a) nos diz que a
primeira pergunta é: "Você foi honesto em seus negócios?" Incrível!
Todo mundo está procurando espiritualidade, uma conexão emocional – e o Talmud
nos diz que, se queremos nos aproximar de D'us, tratemos as pessoas com
honestidade.
O Pirkei Avót (2:6) (uma antologia com
os ensinamentos de nossos Sábios), ensina: "O ignorante não pode ser
piedoso". Não podemos apenas confiar em nossos instintos e em nosso coração
para decidir o que é certo. É preciso estudar e conhecer a Torá para saber qual
a coisa certa a fazer. Como? Eu, pessoalmente, gosto de ler artigos enviados
pelo Business Halacha Institute. A cada semana eu testo a minha bússola
moral para ver como eu me comportaria numa dada situação. Eis um interessante artigo
publicado pelo rabino Meir Orlian, um dos que escrevem neste informativo, sobre
alguém cancelando um táxi que tinha encomendado anteriormente. (As fontes da
Torá estão entre parênteses):
Tuvia respondeu ao seu celular: "Alô! Táxi do Tuvia". "Bom dia, Tuvia", disse o Sr. Gluck. "Você pode pegar meu irmão no aeroporto amanhã, às sete horas?" Tuvia verificou os seus horários. "Tenho algo as nove, mas estou disponível as sete, sim", ele disse. "Custará R$ 40. Devo reservar o horário para o senhor?" "Sim, por favor,", disse o Sr. Gluck.
Mal o Sr. Gluck desligou, outra pessoa ligou. "Você está disponível para me levar para a cidade amanhã de manhã às 7 horas?" "Desculpe", disse Tuvia, "mas já estou reservado para outra pessoa".
Às 20h30min, o Sr. Gluck ligou novamente. "Boa noite, Tuvia", disse ele, "desculpe-me incomodá-lo". "Não tem problema", disse Tuvia, "estamos combinados para amanhã às 7, certo?" "Na verdade", disse o Sr. Gluck, "o meu vizinho tem que pegar o seu filho no mesmo voo que o meu irmão. Tudo bem se eu cancelar?"
"É realmente um problema", disse Tuvia, "depois
que o senhor reservou, outra pessoa me pediu para levá-lo as 7 e eu tive de
recusá-lo". "Talvez ele ainda precise de uma corrida?", sugeriu
o Sr. Gluck, esperançoso. "Vou verificar", disse Tuvia, "mas
neste momento não é provável". Tuvia tentou a outra pessoa, mas ela já havia
feito arranjos alternativos. Ele ligou para o Sr. Gluck de volta: "Ele fez
outros arranjos e às 20h30min da noite não é provável que ninguém vá me ligar".
"Bem, não há sentido em você ir para o aeroporto",
disse o Sr. Gluck. "É apenas um desperdício de tempo e gasolina".
"É verdade", disse Tuvia, "mas o que o senhor espera que eu
faça? Eu desisti de outro trabalho para isso. O senhor está me fazendo perder
R$ 40!" "Eu não tenho certeza do que fazer sobre o dinheiro",
disse o Sr. Gluck, "mas não perca seu tempo indo". E desligou o
telefone.
Tuvia voltou-se para sua esposa: "As pessoas pensam que
é só reservar e cancelar ao seu bel prazer! Eu gostaria de ouvir o que o Rabino
Dayan tem a dizer sobre isso". Tuvia pediu ao Sr. Gluck para se reunirem
com o Rabino Dayan e discutirem o assunto.
"O Sr. Gluck não tem que me pagar os R$ 40?" Tuvia
perguntou. Respondeu o Rabino Dayan: "Em geral, se uma pessoa contrata um
trabalhador via um acordo verbal e cancela antes do trabalhador começar a sua
tarefa, o trabalhador não tem direito a uma reivindicação monetária. No
entanto, ele pode ter queixas (taarumot) contra a pessoa por
ter-lhe causado um esforço extra para encontrar um trabalho alternativo. Não é
ético cancelar um trato sem uma justa causa. Todavia, se um trabalho
alternativo está prontamente disponível, o trabalhador não tem o direito de
queixar-se (Choshen Mishpat, SM "A, Shach e Aruch Hashulchan
333:1).
"Mas isto não é justo", protestou Tuvia. "Eu
não fui capaz de encontrar um trabalho alternativo naquele momento!"
"Eu estava chegando a isso", disse o Rabino Dayan, "o
contratante só está isento se o trabalhador encontrar um trabalho alternativo –
mesmo que com algum esforço – ou se o trabalhador não tinha nenhum outro
trabalho em potencial aguardando-o. No entanto, se o trabalhador poderia ter
pegado outro trabalho anteriormente e agora não consegue encontrar nada, isto é
considerado um prejuízo (davar ha'aved) para o trabalhador e o contratante tem que pagar-lhe por ter
causado este prejuízo (CM 333:2)”.
"Não é justo que eu tenha que pagar os R$ 40",
argumentou o Sr. Gluck, "apesar de Tuvia ter perdido a corrida e os R$ 40,
ele não teve que pagar pela gasolina, não teve que acordar cedo, passar tempo
dirigindo ida e volta ou ficar parado no trânsito. Ele tinha a manhã
livre". "É verdade", reconheceu Tuvia, "mas ainda assim, eu
perdi os R$ 40".
"O Sr. Gluck obviamente não tem que pagar a gasolina",
disse o Rabino Dayan. "Além disso, um trabalhador muitas vezes está
disposto a aceitar um salário parcial e ter algum tempo livre. Portanto, ele
não tem que pagar a Tuvia o preço total do seu trabalho, mas sim como a um trabalhador
ocioso (poel batel), que significa o montante que um trabalhador estaria
disposto a aceitar para ter um tempo livre. Isso normalmente é avaliado em
metade do salário, embora dependa da dificuldade e da tabela de pagamento para este
tipo de tarefa (Taz CM 333:1; Pischei Choshen, Sechirus 10 (10))”.
"Portanto", concluiu o Rabino Dayan, "se a tarifa normal de
Tuvia para o aeroporto é de R$ 40, estando incluído aí R$ 10 para a gasolina, o
Sr. Gluck tem que pagar-lhe R$ 15".
O Sr. Gluck perguntou: "Haveria uma decisão diferente se,
digamos, o avião estivesse significativamente atrasado ou fosse desviado?"
"Se o senhor teve que cancelar por motivos fora do seu controle e notificou
o motorista imediatamente", replicou o Rabino Dayan, "então não tem
que pagar nada, mesmo que o motorista tenha perdido um trabalho alternativo ou
já tenha saído (CM 333:2)".
Se estiver curioso(a) e quiser saber mais sobre ética,
honestidade e como tratar as pessoas com correção, visite o site do Business
Halacha Institute: http://www.businesshalacha.com/. Além disso, você
pode receber o boletim informativo semanal "Business Weekly", clicando
em http://www.businesshalacha.com/en/business-weekly. Todos os novos
assinantes recebem um livro em formato PDF intitulado ‘Money, the Bottom
Line’, que você provavelmente achará fascinante.
Postar um comentário
Seus comentários são muito bem vindos.