Parte 2 - A Batalha de Waterlokshn' (o dinheiro que virou água)
Sir Isaac da Lavanderia era um dos homens mais respeitados da Inglaterra. Como aos judeus não eram dadas muita oportunidades para o sustento, sobravam-lhes as atividades financeiras e o artesanato, fora as ligadas diretamente com a fé Judaica, é claro. Sir Isaac, com seu aguçado tino financeiro e senso de oportunidade, notou que os cavaleiros da Inglaterra andavam com as armaduras meio encardidas, depois que voltavam dos duelos.
Decidiu então que era hora do reino britânico ter sua primeira lavanderia de armaduras. Como era um exímio limpador de panelas, aplicou a mesma técnica nas armaduras e o sucesso veio de imediato. As armaduras ficavam tão limpas que isto chegou aos ouvidos de Ivanhoérshale, um dos mais destemidos cavaleiros idish de toda a Saxônia.
Ivanhoérshale ficou tão abismado com o polimento que o bom Isaac lhe deu à sua armadura, que imediatamente sagrou-o "Sir" Isaac da Lavanderia. "Sir" é panela em hebraico e deste momento em diante passou a ser o título nobiliárquico de todos os limpadores da armadura do reino, que a exemplo de Sir Isaac, começaram sua carreira limpando panelas. Em pouco tempo a fama de Sir Isaac da Lavanderia chegou à terra Santa e ele foi chamado a acompanhar o séquito de Reuben Coração de Galinha em sua Maguendavizada.
Final - O retorno do Reuven Coração de Galinha e sua sagração como Rosh Ieshivá Imperial
Sir Isaac da Lavanderia e sua filha Margaruth corriam para alcançar o navio que logo zarparia para a Inglaterra, pois estavam ansiosos por conhecer o Shiduch de Margaruth – Prince Daven McNigun.
McNigun estudava na Ieshivá da alta Escócia, onde ganhava seu sustento como supervisor de Whisky casher, o que lhe garantia um bom soldo sem fazer nada, pois todo Whisky é casher, assim como todas as bebidas alcoólicas que não contenham uva ou seus derivados. Isto lhe dava tempo de sobra para decifrar palavras cruzadas em Idish, o que não agradava Sir Isaac da Lavanderia, pois para ele o sustento deve ser sempre ganho com labor. Porém, sabia que este emprego lhe havia sido arranjado para que estivesse sempre disponível para completar um Minián, algo difícil de se conseguir na alta Escócia.
Além do mais, Prince MacNigun alegrava o ambiente da Ieshivá com seus Nigunim acompanhados de gaita de fole, que não sabia tocar, mas segurava com uma panca que não tem nem tamanho.
Por isto pediram-lhe que fosse a Londres tocar na festa de receptura do rei Reuven Coração de Galinha, que voltava de Jerusalém com dez sacolas de ouro para sua Ieshivá real, além do plano de abrir uma franquia para verificação rápida de Mezuzót e Tefilín, o Veri-fast, o que proporcionaria um baldão de parnassá para todos os pobres do reino. O séquito do rei Reuven aportou ao som de um samba escocês composto por McNigun para aquele momento histórico:
- Pobreezaaaaa... fióóóón.. por favor vai embooraaaaaa... fióóóón..
-É o meu bolso que choooraaa, ... fióóóón.. de esmolar sem ter fiiiiiim
- Fez da minha sucá a tua moradia.. fióóóón.. já é demais a shnorerai ...
- Quero morar num palacete em Naharia... ... fióóóón.. e pilotar um Jaguar.
- Lalaiaia, laiaiaiaiaiaia, ... fióóóón.. oioioioi, oi oi oi... fióóóón..
- Oioioioi, oi oi oi... fióóóón... Ich vil abissale guelt! ... fióóóón..
O som da gaita de fole, com fundo de pandeiro e a-gô-gô fizeram o rei e seu séguito derramar lágrimas de nishguit. Como prêmio, McNigun recebeu 5000 moedas de ouro para produzir um CD de samba escocês judaico, o primeiro do gênero, o mais longe possível da Escócia. Foi quando o Sherife de Notinguelt entrou no recinto, assolando a todos, bradando com seu sotaque anglo-polish:
– Notinguelt para Ieshive de Reuven Coraçõ de Galinho! Paguem tesouro real com toda dinheiro que recadaram em Israel, caso contrário, io num devolve ieshte Pruzbul confishcada legalmente de meu incontestável autoridade e todos ficaram pendurados umas nas outros, causando reboliça comunitário imperdoável e perene. (Se o afável leitor não lembra mais o que é Prozbul, é só voltar ao início desta Lenda, perguntar o que é ao teu rabino, ou prestar mais atenção na estória).
Dito isto, o Sherife de Nothinguelt sacou de sua alfarroba real, um xerox medieval, de todos os Prozbul do reino. O xerox era feito de casca de carvalho das fazendas do Duque de Copyright, daí sua inegável autenticidade. Todos ficaram estarrecidos. Além de jamais terem visto um xerox, a cara de peroba do Sherife de Nothinguelt era digna de um prêmio Esnobel, comenda dada pelos antigos Vikings para gente esnobe. Todos menos um. Sir Isaac da Lavanderia olhava com um certo ar de desdém para a galhofice do Shefife de Nothinguelt. Algo lhe parecia errado aqui, porque o ano sabático só era celebrado de sete em sete anos e o último foi celebrado em Israel dois anos antes, quando o próprio Sir Isaac estava em Jerusalém oferecendo seus serviços de limpeza de tinteiros de cobre usados pelos escribas para os Prozbul.
O rei Reuven estava ocupado demais com os pobres da Alta Saxônia que tinha Baixa Parnassônia, para saber em que ano estavam. Além disso, os demais judeus da Inglaterra há tempos usavam o mesmo calendário ganho do KKL e por isto confundiam todas as festas judaicas. Uma vez celebraram Sucót em plena Chanucá e ninguém conseguia enxergar um Etrog à frente do nariz por causa do forte Fog que cobria todo o Reino Unido.
Era chegada a hora de devolver a tradição do calendário judaico para aqueles irmãos desnorteados e ao mesmo tempo, passar uma rasteira inesquecível no Sherife de Nothinguelt. Para que tivesse êxito, Sir Isaac da Lavanderia precisaria da ajuda de Robin Idish, pois só ele faria o coração do Sherife de Nothinghelt amolecer. Então, como que caindo do céu, Robin Idish adentrou pela janela do castelo, pendurado naquela cordinha que os caras usam nos filmes de Robin Idish, e que deve estar mesmo presa no céu, pois nunca está presa em lugar algum, como no desenho de El Kabong.
Era chegada a hora de devolver a tradição do calendário judaico para aqueles irmãos desnorteados e ao mesmo tempo, passar uma rasteira inesquecível no Sherife de Nothinguelt. Para que tivesse êxito, Sir Isaac da Lavanderia precisaria da ajuda de Robin Idish, pois só ele faria o coração do Sherife de Nothinghelt amolecer. Então, como que caindo do céu, Robin Idish adentrou pela janela do castelo, pendurado naquela cordinha que os caras usam nos filmes de Robin Idish, e que deve estar mesmo presa no céu, pois nunca está presa em lugar algum, como no desenho de El Kabong.
– Nothinguelt, seus dias de unha-de-fome estão contados! Além de não estarmos num ano sabático e de todas as dívidas dos aldeões terem sido perdoadas pelo Beit Din do rei Reuven Coração de Galinha, foi decretado que toda a bufunfa em vosso poder deve ser doada para um fundo de Achnassát Calá (auxílio a noivas).
Neste mesmo momento, Margaruth, filha de Sir Isaac, entrava formosamente no Hall central do castelo, deixando todos assombrados com seu novo corte de cabelo, curto e arredondado, com uma enorme franja, inspirada numa Banda que fazia um enorme sucesso nos Bar-mitsvá da época: THE BITULS! Os quatro rapazes de Swimmingpool:
Bitul Zman, Bitul Chamêts, Bitul Torá e Bitul Mamôn, que cantavam alegremente:
"She loves you, Oy, Oy, Oy!"
"She loves you, Oy, Oy, Oy!"
"She loves you, Oy, Oy, Oy... Oy Vey!"
O Sherife de Nothinghelt ficou tão deslumbrado com a doçura de Margaruth, que assinou um cheque em branco para a organização de Achnassát Calá da floresta de Shilwood, garantindo que, naquele ano, nenhuma moça judia ficaria sem um casamento digno por falta de Guelt. Deste momento em diante, foi sagrado L.O.R.D. por Ivanhoérshale e passou a chamar-se o Lord de Notênguelt! (L.O.R.D - veja abaixo).
Margaruth já estava prometida a Daven McNigun, mas, isto não importava mais ao antigo Sherife, que renunciara ao cargo em prol de Robin Idish. Ele esperaria pacientemente por sua Bashert, que chegaria minutos depois, trazida desde a Baixa Telefônia, por Dona Yentel Efônica.
– Rebeca, este é o Lord de Notênguelt.
– Muito prazer seu Lord. Eu sou Rebeca.
– Lord, esta é Rebeca. Ela é uma judia moça.
– Muito prazer, dona Rebeca, eu sou um judeu homem.
– Lord, Rebeca é solteira.
– Sim, Lord, eu sou solteira. E você?
– Você tem um jardim, Rebeca?
– Sim, Lord, eu tenho um jardim.
– Dona Yentel, Rebeca tem um jardim.
– Sim, Lord, Rebeca tem um jardim.
E assim, Rebeca, Lord Notênguelt e Dona Yentel Efônica, ficaram neste papo dias a fio e aproveitaram para abrir a primeira escola de Inglês para iniciantes, onde aplicariam sua animada conversa de Shiduch, para ensinar ao mundo o idioma de Robin Idish, o paladino da Justiça, que partiu imediatamente em direção à América, mesmo que ela ainda não tinha sido descoberta, pois podia agüentar tudo nesta vida, menos diálogo de curso de Inglês.
Ye Ende
Glossário de termos judaicos e paralelos:
Achnassát Calá = Tudo o que se relaciona a angariar fundos para casar uma moça pobre.
Idish = Idioma judeo-europeu que mescla hebraico, dialetos regionais e alemão medieval. Sinônimo de Judeu ou Judaico
Ieshivá = Seminário rabinico e local onde se estuda Torá de maneira dirigida ou em grupo
Shamash = Assistente de rabino e/ou da Sinagoga
Gabai = Funcionário da Sinagoga ou da Comunidade responsável pela arrecadação e administração de Fundos
Guelt = Dinheiro em Idish
Beit Din = Tribunal rabínico composto de 3 juízes
Parnassá = Sustento
Shiduch = encontro entre moça e moço solteiro com finalidade matrimonial
Maguen David = Escudo de David, ou estrêla de seis pontas
Mezuzá = Pergaminho sagrado que os judeus colocamos no umbral das portas. A caixinha não chama Mezuzá, mas nartik.
Daven = Rezar, em Idish. Origina-se do Aramaico Dahavium (as reza dos patriarcas, como explicou o rabino Shabsi Alpern)
Nigun = melodia, em geral entoada numa reza, estudo de Torá, na mesa do Shabat etc
Tefilin = Se você é judeu, tem mais de 13 anos e não sabe o que é, pergunte ao rabino na sua Sinagoga mais próxima.
L.O.R.D. = Lendário Organizador de Recadação de Dinheiro
Notên = dá, doa, em hebraico
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