Bs"d
Pergunta: Porque não acender o lustre da sala ao invés das velas de Shabat?
Consta na Mishna Berura que nossos Sábios instituíram a Mitzvah de acender as velas de Shabat por dois motivos: O primeiro é de Oneg Shabat, para que possamos desfrutar melhor da refeição de Shabat através que apreciamos visualmente os alimentos. O segundo motivo é de Shalom Bayit, pois quando certas partes da casa estão iluminadas, eliminamos o risco de tropeçar em objetos, o que poderia atrapalhar a harmonia deste dia especial. Por mais que ainda acendemos as velas do Shabat de forma tradicional, o uso da luz elétrica na atualidade tem afetado a forma que cumprimos esta Mitzvah: será que a energia elétrica pode substituir o uso das velas, já que o propósito é que o recinto seja iluminado?
Este assunto é um ponto de debate entre os Poskim, e por conseguinte, há os que permitem acender uma luz elétrica com Berachá, há os que proíbem o uso da eletricidade para este fim e há os que o permitem porém sem a Brachá. Um costume que prevalece hoje leva em consideração as várias opiniões: embora a Brachá é normalmente recitada nas velas que são acesas no recinto onde a refeição de Shabat será realizada, nos apoiamos na luz elétrica para cumprir o segundo aspecto da Mitzvah das velas de Shabat, o de Shalom Bayit. De acordo com a Halachá, qualquer recinto que vai ser utilizado no Shabat deveria ter luz para evitar que se tropece: para este propósito a luz elétrica cumpre esta função, e assim podemos nos apoiar nela ao utilizar um abat-jour, uma luz no banheiro, uma pequena luz no corredor, etc que estão contribuindo para nosso cumprimento desta Mitzvah.
Já que estas luzes também fazem parte da Mitzvah de Luzes de Shabat, o método sugerido seria que no momento imediatamente antes da mulher da casa acender as velas de Shabat, todas as luzes que serão utilizadas no Shabat fossem apagadas e re-ligadas com a intenção de cumprir a Mitzvah das velas de Shabat; logo em seguida, acender a velas de Shabat com a Brachá tendo intenção de incluir todas as luzes da casa. Assim, a Mitzvah será cumprida levando em consideração todas as opiniões.
Outra situação comum onde nos apoiamos na eletricidade para cumprir a Mitzvah é quando seria perigoso ou proibido acender velas, como num quarto de hospital ou de hotel, onde estamos impossibilitados de acender uma vela. Neste caso a luz elétrica deveria ser desligada e ligada com a intenção de cumprir a Mitzvah, mesmo que não se mencione a Brachá. Quanto a hóspedes num hotel ou alunos que moram num Campus ou numa Yeshivah, mesmo que acenderiam velas no Salão ou num refeitório, deveriam acender uma pequena luz no seu quarto lichvod Shabat,já que têm um recinto particular . A berachá, no entanto, é pronunciada nas velas acesas na proximidade do local da refeição.
O Talmud afirma que aquele que é cuidadoso com as velas de Shabat merece ter filhos Talmidei Chachamim que iluminarão o mundo. Como isto acontece? Rav Pessach Krohn traz em nome do Rav Dovid Cohen um pequeno insight da origem da palavra em Yiddish "Eynakel" que significa netos. Na Parashat Shemot, quando Moshe percebeu o arbusto em chamas a Torah afirma que והנה הסנה בער באש והסנה איננו אוכל - Eis que o arbusto estava em chamas, mas o arbusto איננו אוכל - eynenu ukal, não se consumia. A palavra איינקל, que significa neto é muito parecida com as palavras איננו אוכל. A conexão é simples: se você tem o mérito de ter um neto envolvido com entusiasmo no estudo e no fogo da Torah, você pode ficar assegurado que esta chama não vai se apagar! איננו אוכל. Embora acendamos as mesmas velas e luzes a cada Shabat, no entanto, o cuidado com nossas intenções e o entusiasmo ao acendê-las fazem com que a luz da Torah se reflita nos nossos descendentes.
Yitzchak Benroubi
Estas questões são parte dos assuntos tratados no shiur Mishna Brura Yomi ( Netivot HaTorá) e só foram trazidas aqui como uma forma de despertar a curiosidade, a beleza e a profundidade do estudo da Halachá. Qualquer dúvida na prática deve ser consultada com uma autoridade Rabínica.
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