Onde fica o Monte Sinai?
Hoje, mais de três mil anos após o acontecimento mais sublime do mundo, a entrega da Torá, muitos estudiosos tentam identificar o lugar da montanha que foi tão sagrada no momento em que a Torá foi dada ao povo de Israel
Inúmeros estudos foram realizados ao longo de quilômetros na península do Sinai e no oeste da Arábia Saudita tentando descobrir em qual montanha Hashem nos deu a Torá
E finalmente chegamos a mais verdadeira conclusão: O monte Sinai pode ser qualquer montanha entre o oeste da Arábia Saudita e a península do Sinai,
contanto que seja perto o suficiente de Midian que ficava na Arábia Saudita a ponto de Moshe Rabeinu levar o rebanho de Ytró para pastar e um carneirinho conseguir fugir até lá,
e perto o suficiente do Egito para que o povo de Israel conseguisse chegar lá para receber a Torá saindo do Egito em Pessach, caminhando no ritmo das mulheres e das crianças pequenas, e chegando em menos de cinquenta dias naquela montanha para receber nela a Torá
A importância do Monte Sinai na época em que recebemos a Torá
A saída do Egito foi nossa redenção material e a entrega da Torá nossa redenção espiritual, e por isso a entrega da Torá teve que acontecer obrigatoriamente como continuação à saída do Egito, para que nossa redenção se tornasse uma redenção total
O segredo da existência do povo judeu é a Torá. Shavuot é a festa que simboliza o fato de nos tornarmos um povo. O dia da entrega da Torá é o dia em que a revelação Divina desceu no monte Sinai.
O fato de que o evento mais importante da história judaica, a entrega da Torá, ocorreu no Monte Sinai está claro, mas porque essa montanha não teve um acompanhamento, ou seja, nenhuma tradição exata foi preservada quanto à sua identidade e localização a ponto de aparentemente até na época dos Sábios já não se sabia qual era a montanha exata
O motivo para isso é tanto o fato de o Monte Sinai se encontrar no coração do deserto, não só longe da civilização como também sem um assentamento humano contínuo, ninguém para testemunhar que esse era o lugar, até mesmo porque depois que partimos de lá a presença Divina partiu junto com o nosso povo,
quanto pelo fato de impedir com que ele se torne uma idolatria, semelhante à localização da tumba de Moshe Rabeinu no Monte Nevo, em Moav, que tradicionalmente não se conhece sua localização por esse motivo
A "briga entre as montanhas na atualidade"
O Midrash nos conta que antes de Hashem nos dar a Torá no Monte Sinai, as principais montanhas da Terra Santa brigaram entre si. Cada uma esnobou sobre as outras suas superioridades tentando assim convencer Hashem à dar a Torá sobre ela
Diz o Midrash que Hashem optou pelo monte Sinai sendo que ele era a mais humilde de todas as montanhas e por isso não participou dessa esnobação. De acordo com a kabalá cada criatura aqui embaixo tem um anjo responsável por ela lá em cima, e esses anjos foram quem brigou, cada um representando a montanha de sua responsabilidade
Hoje muitos arqueólogos brigam entre si, cada um representando a montanha que diz ser o verdadeiro Monte Sinai. A "briga das montanhas" nos tempos atuais!
Ao longo dos anos, muitos esforços foram feitos para identificar o Monte Sinai com uma das montanhas encontradas em várias partes do deserto do Sinai e além
Todas as opções:
Como vimos anteriormente o monte Sinai pode ser qualquer montanha entre o oeste da Arábia Saudita e a península do Sinai, mas então, porque algumas opções foram vistas como preferências em relação à outras?
O monte Sinai está localizado entre os desertos de Tzin e Paran, bem como entre a terra de Amalek e a terra de Midian, mas a localização desses dois desertos e a relação entre eles é desconhecida em sua localização exata, embora seus limites sejam claramente definidos pela Torá
Jab el Mussa
O lugar mais conhecido como o Monte Sinai, e essa é a primeira foto que aparece quando você digita as palavras "Monte Sinai" no Google (cuidado com essa foto) é Jab el Mussa que foi escolhido pela Imperatriz cristã Helena como Monte Sinai.
No século IV ela fez construir ali uma igreja, a Capela da Sarça Ardente no local onde ainda se encontrava vivo um arbusto de rubus sanctus que os monges acreditavam ser a sarça ardente original.
Dr. Avigdor Shahan, especialista em estudos da terra de Israel, atesta que o vínculo entre o Monte Sinai e Jab el Mussa foi simplesmente inventado por essa Imperatriz que era mãe do imperador Constantino do Império Bizantico"
Ela decidiu visitar os locais cristãos na Terra Santa e se juntou à um comboio de camelos que ia do Egito à Israel. Uma noite ela ficou impressionada com a beleza de uma montanha próxima e decidiu que essa era a montanha na qual Moisés recebeu a Torá, e por isso essa montanha foi chamada de "Jab el Mussa" (Monte de Moisés)
Assim nasceu a lenda de que esta montanha e não outra é o autêntico Monte Sinai. O imperador, filho de Helena, ordenou a construção de um convento naquele lugar. Imediatamente se estabeleceu ali uma comunidade cristã para proteger a igreja e os monges dos ataques de beduínos. O imperador Justiniano I mandou construir uma muralha à volta da igreja no ano 542 e os edifícios que são hoje o Mosteiro Ortodoxo de S.Catarina
Acontece que essa mesma imperatriz Helena foi a que iniciou a prática de despejar lixo no Monte do Templo a fim de esconder os vestígios do" Kotel Hamaaravi, o "Muro das lamentações", e assim apagar todo e qualquer vestígio judaico na terra santa
Antes do deserto do Sinai ser dado ao Egito, os turistas israelenses podiam ser vistos frequentemente subindo as escadarias íngremes do mosteiro que levavam ao topo da montanha. Esses turistas provavelmente não sabiam que seu trabalho duro era gratuito, e pior do que isso, era visto como um apoio à idolatria.
Então, cuidado: quando você digita a palavra "Monte Sinai" no Google, essa opção aparece em primeiro lugar e esse lugar não tem absolutamente nada a ver com a nossa religião mas é um lugar totalmente vinculado ao cristianismo
Monte Karkum
Uma das hipóteses levantadas pelos estudiosos da história ao longo dos anos é o "Monte Karkum", uma montanha no sul do Negev, onde foram descobertos sítios arqueológicos e arte rupestre,
identificada pelo arqueólogo Emanuel Anati como o monte Sinai, o monte Karkum era uma montanha sagrada para os idólatras nos séculos IV e III AC e muitas pessoas construíram suas residências no sopé da montanha. Sendo que a Torá fala sobre a proibição de subir a montanha, ele imaginou que esse era o motivo de terem construído as casas no sopé da montanha e não no seu topo, mas essa identificação é controversa na comunidade arqueológica.
Jabel Al Laws
Outra teoria sugere o Monte Jabal al-Laws, na Arábia Saudita, no lugar onde se encontrava a antiga terra de Midian. A distância entre o possível lugar da terra de Goshen e a possibilidade de lá ter sido a terra de Midian é de aproximadamente 450 km, e esse alcance não corresponde à proximidade do monte Sinai à terra de Goshen
Jab el Halal
Vários estudiosos sugeriram identificar Jab el Halal como o Monte Sinai da Torá, sendo que a localização da montanha se encaixa na "rota norte" do êxodo. Sua escolha foi devido à sua relativa proximidade com Kodirat e Kadis que alguns estudiosos identificaram como sendo Kadesh Barnea
Serbit al-Khadam
Dr. Zvi Ilan sugeriu a identificação de Serbit al-Khadam com o Monte Sinai, que também é controverso entre os pesquisadores
Jabel Sin Bisher
Uma hipótese apresentada pelo professor Menashe Harel sugeriu a identificação de 'Jabel Sin Bisher' localizado na parte ocidental de Wadi Suder, no oeste do Sinai, como sendo o Monte Sinai da Torá.
E finalmente conclusão : aonde fica o verdadeiro lugar do Monte Sinai? Dentro do seu coração!
O Rebe de Lubavitch e o Monte Sinai
No início de 1956, o Egito nacionalizou a Companhia do Canal de Suez, controlada pelo Reino Unido e pela França e fechou o Estreito de Tiran à navios israelenses paralisando assim o porto de Eilat.
Ao mesmo tempo, o enorme estado árabe estava fortalecendo sua força militar e adquiriu uma grande quantidade de armamentos da antiga Tchecoslováquia, e tudo isso levou a Grã-Bretanha e a França a convencerem Israel a entrar em uma guerra contra o Egito
O jovem Estado de Israel embarcou em uma batalha conhecida como Operação Sinai, ou pelo segundo nome, Operação Kadesh, durante a qual conquistou a Península do Sinai, danificou a infra-estrutura militar egípcia e aniquilou os terroristas que dominavam aquela região
Quando os soldados da IDF conquistaram a Península do Sinai, alguns também chegaram a uma das montanhas associadas ao Monte Sinai. Um desses soldados era o Dr. Moshe Herb, que estava muito animado com o fato de estar pisando onde (talvez) nossos ancestrais estiveram há mais de três mil anos atrás.
Ele se aproximou pensando que poderia estar onde o povo judeu foi criado como um povo, onde recebemos a Torá, e subiu animadamente para a montanha, onde (talvez) Moshe Rabeinu, cuja montanha leva seu nome (jab el Mussa), tivesse recebido a Torá
No entanto, chegando lá em cima, ao contrário da expectativa que ele tinha de transcendência espiritual, de uma alegria especial, ele não sentiu nada. Apenas uma decepção. Ele não sentiu que essa era a montanha certa, não sentiu que lá era o Monte Sinai.
Depois que o soldado Dr Moshe Herb voltou da frente de batalha para sua casa, ele enviou uma carta ao Lubavitcher Rebbe expressando seus sentimentos sobre a identificação da montanha
O Rebe respondeu para ele com as seguintes palavras: "Em resposta ao que você escreveu que escalou uma montanha achando que lá era o Monte Sinai e não sentiu que era a mesma montanha", a localização física ou geográfica do Monte Sinai não tem para nós nenhum significado especial, porque todo o significado do Monte Sinai é que nele recebemos a Torá com o objetivo de cumprir a Torá conforme necessário, pois ela se torna parte integrante de nossas vidas
A Torá, continua o Rebe escrevendo para o soldado, é "Torá de Vida", não é simplesmente um ensinamento mas também um modo de vida para nós. A Torá é "o manual de instruções do mundo" e suas instruções são eternas, tanto para o mundo quanto para todo judeu a qualquer hora e em qualquer lugar.
A verdade é, explica o Rebe, que todo judeu em sua alma está vinculado com a Torá, mesmo que às vezes pareça se comportar de maneira um pouco diferente.
E esse é realmente o segredo da metodologia de Chabad: trazer todo judeu ao amor ao próximo de forma tranquila, por meio de um caminho de amor, e devolvê-lo à Torá dada no Monte Sinai, sem confundir e esconder a verdade da Torá. Apenas removendo a cobertura que esconde seu verdadeiro vínculo (desse judeu) com a Torá.
E o Rebe termina sua carta com um resumo prático: não é suficiente entender a Torá ou o sentimento positivo que o judeu tem pela Torá, ele deve realmente colocar tudo em prática, cumprir as Mitsvot, porque esse é o propósito do homem.
Então, se te perguntarem "onde exatamente está o Monte Sinai?" Você pode apontar para sua localização exata: é bem aqui, dentro do coração, onde minha mente e a sua estão conectadas com a Torá.
Mas isso não basta, continua o Rebe, você tem que descer da montanha, ou, mais corretamente: dar vida à montanha, à vida cotidiana, e de fato agir de acordo com as instruções que recebemos de Hashem no Monte Sinai, ou seja, de acordo com a Torá ❤️🌹
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