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Sociologist by the University of Haifa, specialized in approaches for the gates of knowledge improving communication between Jews and non-Jews. This is an open way to communicate with Jews from Israel, USA, Canada, Europe or those who live in Latin American countries but do not speak Portuguese (in Brazil) or Spanish (all other countries besides Guianas)

Parashat BALAK 5778 - Rabino Efraim Birnbojm

Parashat Balak 5778 - R' Efraim Birbojm
Vídeo da Parashat Balak
DE GRÃO EM GRÃO - PARASHAT BALAK 5778 (29 de junho de 2018)
“Havia na cidade um ladrão muito astuto, que entrava nas casas, roubava tudo o que as pessoas tinham e sempre conseguia escapar. Os habitantes estavam muito irritados, pois ninguém conseguia prendê-lo. Certa madrugada o ladrão estava saindo de mais um roubo. Levava uma sacola cheia de dinheiro após ter esvaziado o cofre da casa. Porém, quando saia pela janela, feliz da vida, sentiu algo em suas costas. Era o dono da casa que o esperava do lado de fora, apontando para ele uma arma. Finalmente o ladrão havia sido pego. Mas antes que o dono da casa pudesse dizer qualquer coisa, o ladrão olhou para ele e disse:

- Senhor, sei que serei preso. Mas posso pedir algo antes que você me leve para a polícia? Meus comparsas vão pensar que eu escondi o dinheiro do roubo e fingi ter sido preso apenas para não dividir o dinheiro com eles. Certamente eles irão me matar na prisão. Por favor, você poderia me ajudar? Quero demonstrar de alguma maneira que fui preso após muita luta. Você poderia dar um tiro no meu chapéu?

O dono da casa, que era um homem bondoso, concordou. Afinal, ele queria prender o ladrão, mas não queria que ele fosse morto. Então ele tirou o chapéu do ladrão e deu um tiro nele, deixando a marca da bala. Mas o ladrão não se contentou e explicou que somente aquela marca não seria suficiente para convencer seus comparsas de que ele havia lutado antes de ser preso. Pediu para que o homem desse também alguns tiros em seu casaco. O homem novamente concordou. O ladrão tirou seu casaco e o dono da casa deu vários tiros, até que as balas acabaram. O ladrão, ao ver que o revolver estava descarregado, aproveitou para fugir. Saiu correndo, dando gargalhadas, levando todo o dinheiro do seu roubo. Enquanto isso, o dono da casa não acreditou como tinha sido estúpido, a ponto de cair na conversa daquele ladrão astuto.”

Assim também faz o nosso Yetser Hará (má inclinação). Se não tomarmos cuidado ele nos engana e, aos pouquinhos, vai roubando nossos méritos. Quando percebemos, ele já levou tudo o que temos.
Nesta semana lemos a Parashat Balak, que descreve um dos personagens mais contraditórios da Torá: o profeta Bilaam. Por um lado, ele era um profeta de elevado nível espiritual, que conhecia os segredos de D’us e conversava diretamente com Ele. Por outro lado, ele preferia utilizar seu potencial espiritual para ganhar dinheiro e honra, vendendo seus “serviços espirituais” e amaldiçoando pessoas e povos inteiros. Balak, o rei do povo de Moav, ao ver o avanço esmagador do povo judeu, sentiu muito medo e contratou Bilaam para amaldiçoar os judeus, para assim ter alguma chance de vitória militar. Porém, Bilaam não conseguiu amaldiçoar o povo judeu, pois as maldições, ao saírem de sua boca, se transformavam em Brachót (bênçãos). Mas Bilaam não desistiu e bolou um plano para derrubar espiritualmente o povo judeu, causando com que eles perdessem a proteção Divina. Mas que plano foi este?

Explica o Talmud (Sanhedrin 106a) que Bilaam deu um conselho a Balak: “O D’us deles odeia promiscuidade, e os judeus gostam de roupas de linho. Faça um mercado e coloque mulheres, velhas do lado de fora e moças jovens do lado de dentro, vendendo roupas de linho. No momento em que os judeus estiverem comendo e bebendo alegremente e passeando, as mulheres velhas devem dizer a eles: ‘Vocês não querem roupas de linho?’. Enquanto as mulheres velhas oferecerão as roupas por um valor mais caro, as moças jovens surgirão e oferecerão duas ou três vezes mais barato. As moças jovens então dirão: ‘Venham, sintam-se em casa, sentem-se tranquilos’. Elas então servirão a eles vinho (pois naquela época o vinho feito por não-judeus ainda não era proibido aos judeus). Após beberem, tropeçarão em imoralidades e idolatria”. Infelizmente o plano de Bilaam funcionou, os judeus cometeram graves transgressões e uma epidemia matou 24 mil homens do povo.

Porém, este ensinamento do Talmud levanta alguns questionamentos. Em primeiro lugar, por que a Torá nos ensina, com tantos detalhes, o plano de Bilaam? O que estes detalhes nos acrescentam? Além disso, o Talmud ressalta que “naquela época o vinho feito por não-judeus ainda não era proibido ao povo judeu”, como se este decreto pudesse ter salvado o povo judeu das transgressões. Porém, se o povo judeu cometeu transgressões tão graves da Torá, como imoralidade e relações ilícitas, como um decreto rabínico teria salvado os judeus destas graves transgressões?

Explica o livro Lekach Tov que as pessoas normalmente se sentem protegidas do seu Yetser Hará, em especial quando se trata de transgressões graves, como imoralidade e idolatria. É por isso que o Talmud se alongou tanto nos detalhes do plano de Bilaam, pois contém informações muito importantes sobre como funciona o nosso Yetser Hará e como ele atua para que até mesmo pessoas espiritualmente muito elevadas tropecem e caiam em transgressões graves. Ao revelar os métodos, as estratégias e as forças do Yetser Hará, a Torá nos ensina a como tomarmos cuidado para não sermos pegos em suas enganações e armadilhas.

A forma de ataque do Yetser Hará é nunca começar pela essência da transgressão com a qual ele quer nos derrubar. Ele não costuma nos atacar de forma direta, tentando nos convencer a fazermos transgressões, pois ele sabe que desta maneira não o escutaremos. O método de ataque do Yetser Hará é se alojar em nosso coração e aguardar algum sinal de fraqueza, na qual haja alguma falta de claridade. O Yetser Hará não tem força para nos desviar nos pontos onde temos total claridade, por isso ele aguarda por algum tipo de dúvida ou tropeço. O Yetser Hará não despreza nenhum tipo de conquista, nem a mais leve, pois a partir desta vitória inicial ele cria um “ponto de apoio” a partir do qual pode continuar avançando, como ensinam nossos sábios: “Uma transgressão traz outra transgressão” (Pirkei Avót 4:2). Mesmo a vitória mais simples do Yetser Hará permite que ele inicie sua dominação sobre a pessoa, tanto sobre os seus pensamentos quanto sobre os seus atos.

Portanto, a Torá está nos revelando que o Yetser Hará vai nos derrubando aos pouquinhos, se infiltrando e nos causando derrota atrás de derrota. Porém, são derrotas tão pequenas que muitas vezes não conseguimos nem mesmo perceber. Quando nos damos conta, o Yetser Hará já nos levou para onde ele queria. Então o que devemos fazer para fugir deste inimigo tão astuto?

Os detalhes do plano de Bilaam, tais como as mulheres falando “sintam-se em casa” e “duas ou três vezes mais barato”, são formas do Yetser Hará se aproximar da pessoa e ir retirando as divisórias que nos separam das transgressões. “Comer, beber, ficar feliz e sair para passear” não contém nenhuma transgressão. Também comprar roupas de linho por valores bem mais baratos não envolve nenhum erro. Porém, já são o começo de uma aproximação perigosa, que fazem a pessoa já se “sentir em casa” e baixar a guarda.

É isto o que nos ensina o Talmud através da afirmação “pois naquela época o vinho feito por não-judeus ainda não era proibido ao povo judeu”. Qual foi o motivo que nossos sábios decretaram a proibição de bebermos o vinho feito por não-judeus? Este decreto foi feito durante o primeiro exílio do povo judeu, quando os babilônios nos expulsaram de nossa casa e, pela primeira vez desde a saída do Egito, fomos morar no meio dos outros povos. Os nossos sábios perceberam que o perigo da assimilação começava a rondar o povo judeu e, com ele, o perigo da perda de toda a nossa espiritualidade. O decreto de proibição do vinho era uma medida que visava evitar a assimilação. Era como se os nossos sábios tivessem fincado uma nova divisória, na qual a pessoa que estava sendo atraída pelo seu Yetser Hará pudesse dizer: “Vou até aqui. Daqui para frente eu já não posso mais prosseguir”. Esta divisória não deixa o Yetser Hará avançar com suas pequenas vitórias.

Se a divisória da proibição do vinho já tivesse sido fixada naquela época, o povo judeu não teria chegado ao ponto de se aproximar das transgressões de imoralidade e idolatria. Quando as moças jovens oferecessem a eles vinho, o decreto não nos permitiria aceitar, e mesmo esta proibição mais leve já teria sido suficiente para nos afastar das transgressões mais graves. Porém, como os homens aceitaram beber o vinho, abriram a brecha para uma aproximação completa. Quando o Yetser Hará já tinha o controle completo, eles já não conseguiram mais evitar nem mesmo as transgressões mais graves.

Nossos sábios ensinam que o nosso Yetser Hará se fortalece e se renova a cada dia. Como podemos ter força para vencer um inimigo assim tão poderoso? O plano de Bilaam é um importante ensinamento de como vencer o Yetser Hará. A principal força do Yetser Hará é tirar o foco do nosso intelecto e turvar a nossa claridade. Tudo o que o Yetser Hará nos pede é uma pequena derrota, para que ele possa encontrar um ponto de conquista a partir do qual ele pode iniciar seu avanço.

Há algumas “armas” que, se utilizadas da forma correta, podem nos levar a vencer o Yetser Hará. Em primeiro lugar, devemos estar sempre alertas. A constante reflexão nos ajuda a termos claridade e a verificarmos se não estamos, sem perceber, sob o comando do Yetser Hará. O estudo da Torá também nos ajuda a sabermos o que é permitido e o que é proibido. O aconselhamento com pessoas sábias nos ajuda a mantermos o nosso foco e a escaparmos da autoenganação. Mas, principalmente, devemos ter “Emunat Chachamim” (confiar nos nossos sábios). Como não suspeitamos de atos que aparentam ser bons, mas que se transformam no final em pontes para coisas proibidas, então nossos sábios fizeram decretos que nos afastam das transgressões. Devemos confiar na sabedoria deles, pois são justamente estes decretos que nos afastam das transgressões mais graves. Vencer o Yetser Hará é difícil, mas utilizando as armas certas, podemos alcançar o nosso objetivo.
Shabat Shalom

R' Efraim Birbojm
HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE SHABAT - PARASHAT BALAK 5778:

São Paulo: 17h11  Rio de Janeiro: 17h00  Belo Horizonte: 17h08  Jerusalém: 19h13
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