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Sociologist by the University of Haifa, specialized in approaches for the gates of knowledge improving communication between Jews and non-Jews. This is an open way to communicate with Jews from Israel, USA, Canada, Europe or those who live in Latin American countries but do not speak Portuguese (in Brazil) or Spanish (all other countries besides Guianas)

PESSACH não é a Páscoa dos judeus

Deborah Kietzmann Goldemberg, escritora
É natural que as pessoas busquem a compreensão do outro a partir de seus próprios referenciais. Também, que em um país que é majoritariamente cristão (mais de 160 milhões) em que haja uma minoria quase irrisória de judeus (cerca de 100 mil), haja pouca compreensão de suas festas e o significado delas. No entanto, pensar que Pessach é a Páscoas dos judeus significa desconhecimento do próprio cristianismo. Afinal, Cristo era judeu e, certamente, comemorou Pessach diversas vezes antes de haver a Páscoa, que celebra a sua ressurreição.


O fato das datas serem próximas é mera coincidência. Pessach é a comemoração da libertação dos judeus do Egito, onde eram escravos, cerca de 1.500 anos antes de Cristo. Liderados pelo profeta Moisés, famílias atravessaram o deserto até o Monte Sinai, para começarem uma vida nova em liberdade. Pode ser que haja alguma conexão mística entre Pessach e o surgimento do cristianismo. Ou que Cristo tenha sido morto na época de Pessach por alguma questão política da época. Mesmo assim, o significado das datas é totalmente independente.
O que a popularização do termo "Páscoa dos judeus" no Brasil (ao que parece isso não ocorre em outros países) faz pensar é no como nos satisfazemos facilmente com verdades simplórias ou, seria dizer, falsas verdades. Alguém algum dia disse algo sobre Pessach e explicou que era a Páscoa dos judeus, então, deve ser isso mesmo. Assim como alguém algum dia falou que o candomblé tem a ver com macumba, então, deve ser isso mesmo. E, claro, todo mundo anda dizendo que os muçulmanos são contra o ocidente, então, deve ser isso mesmo.
Esse procedimento de formação de opinião, digamos assim, persiste mesmo numa época em que é tão fácil pesquisar tudo na internet. Se jogarmos Pessach e Páscoa na internet, há todos os esclarecimentos possíveis. Candomblé e macumba, o mesmo. Podemos baixar traduções do Corão e lermos os textos sagrados para formar opinião sobre o islamismo. Para não falar no fato de vivermos em um país tão multicultural que podemos ir visitar um terreiro, uma sinagoga ou uma mesquita a qualquer dia, o que seria um ótimo passeio cultural para família.
No entanto, muitos preferem regurgitar o que ouviram por aí ou, seria dizer, ecoar o nonsense. O paralelo com a questão política no Brasil atual é inevitável. Quantas pessoas que emitem opinião nas redes sociais ou vão para as ruas nem sabem ao certo no que acreditam? Quantas pessoas realmente se esforçaram para entender o que está acontecendo no Brasil hoje antes de se posicionar? Quantas acharam mais fácil ler o que alguém postou e concluir que "deve ser isso mesmo"? Creio que falta em nós postura crítica e disposição para conhecer algumas questões mais a fundo antes de formar opinião, culturalmente.
Então, inspirados na trajetória dos escravos que conseguiram se libertar da escravidão no Egito Antigo, quem sabe não é a hora de nos libertarmos da preguiça mental e da ignorância em que vivemos quando ecoamos ideias aleatórias ao invés de formarmos as nossas próprias, baseadas em informações e experiências concretas? Pelo que diz a história, quando um povo faz isso, os mares se abrem perante eles e uma vida nova torna-se possível na terra prometida. O Brasil precisa desesperadamente de novas e boas ideias para deixar de ser o "país prometido" e materializar-se como país realizado - é esse o deserto que precisamos atravessar.
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+ comentários + 2 comentários

21 de abril de 2016 às 08:21

Não entendem porque infelizmente são cegos de (Espirito) e Idólatras por imposição do Catolicismo Idólatra!

4 de maio de 2016 às 18:04

Bela orientação Deborah, sou sempre muito interessada em aprender, como católica sigo a um judeu e entender sobre judeus é entender sobre o Deus a quem professo minha fé, por isso sigo o blog. Sem nenhuma intenção de polemizar, gostaria de abrir um pequeno parenteses, as datas comemorativas são só uma forma de lembrar um evento, não sendo importante o dia cronológico para mim, mas a lembrança que se assume ao designo de Deus. Para os cristãos a data tem dois significados. 1- o mesmo que é para os judeus desde Moisés; 2- A ressurreição de Cristo. Não creio que haja conflito no entendimento da 1, ao contrário celebramos o mesmo. Leio a Bíblia e a Torá, tendo em visto que Jesus lia a Torá também eu a leio, mas ouvir (ler) em linguagem mais atual como a sua essas explicações me faz mais segura sobre as escrituras. Obrigada.

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