Sim. O Apartheid no Oriente Médio é o regime fechado no qual são mantidos os árabes de origem palestina pelos governos da Jordânia, Síria, Líbano e Iraque.
Passados 50 anos da Guerra dos Seis Dias, evento cujas
consequências políticas continuam na ordem do dia, as causas e o contexto do
conflito passam longe do noticiário e, por consequência, do senso comum.
Não,
não houve invasão nem ocupação do Estado palestino – mesmo porque ele não
existia.
Não, Israel não era apoiado maciçamente pelos EUA.
Não, Israel não
tinha mais armas do que os países árabes.
Após a criação, em 1964, da Organização
para a Libertação da Palestina (OLP), as incursões de comandos palestinos
contra Israel, principalmente a partir dos territórios jordaniano e sírio,
tornaram-se cada vez mais frequentes, e as forças israelenses reagiam com
retaliações.
Note-se que os hoje chamados territórios ocupados eram antes de
1967 ocupados
por Jordânia e Egito. Cabe a pergunta: qual “Palestina” a OLP
queria libertar?
Naquela década de 1960, Israel começou a construir seu sistema
de irrigação nacional, para trazer água do mar da Galileia para o sul do país.
Em resposta, a Síria começou a construir canais para desviar as fontes do Rio
Jordão. Com o confronto sobre a divisão das águas entre Israel, Síria e
Jordânia, as tensões se intensificaram, com um pico em abril de 1967. Em 16 de
maio de 1967, Nasser, o presidente do Egito, ordenou que todas as tropas da
Força de Emergência das Nações Unidas (UNEF), estacionadas há mais de 10 anos
na fronteira com Israel no deserto do Sinai, saíssem de lá.
Enquanto o
secretário-geral da ONU, U Thant, pedia esclarecimentos ao Cairo, tropas
egípcias cruzaram a linha da UNEF e ocuparam alguns postos. U Thant reuniu-se
com os membros do Comité Consultivo da UNEF e informou-lhes dos acontecimentos
no terreno, explicando que, se um pedido formal de retirada da UNEF fosse feito
pelo governo egípcio, ele teria de cumprir, pois a Força estava lá somente com
o consentimento do governo e não poderia permanecer sem ele. Seguiu-se grande
divisão na ONU sobre o que deveria ser feito.
Bandeira da Palestina em 1939 |
Antes que uma decisão fosse tomada,
os governos da Índia e da Iugoslávia decidiram retirar seus contingentes da
UNEF. Enquanto isso, o secretário-geral consultou o governo israelense sobre a
possibilidade de colocar as tropas no lado israelense, mas Israel declarou que
isso seria inaceitável.
Pouco tempo depois, o representante do Egito enviou uma
mensagem a U Thant indicando a decisão do seu governo de pôr fim à presença da
UNEF no Egito e na Faixa de Gaza, pedindo-lhe que se procedesse a retirada o
mais rapidamente possível. Com o fracasso das negociações, o comandante da UNEF
foi instruído a retirar as tropas.
O tratamento dos palestinos em todo o mundo árabe tem
sido terrível desde 1948, ano da criação de Israel, em especial no Líbano.
Para citar
apenas alguns exemplos: na Jordânia, em 1970, 25 mil palestinos foram mortos no
episódio que ficou conhecido como Setembro Negro, quando os palestinos,
descontentes com a falta de apoio árabe à sua causa, passaram a ameaçar o reino
jordaniano.
Na Síria, os palestinos não têm direito ao voto. Também não podem ser
candidatos ao Parlamento ou à Presidência.
Consequentemente, não existem
ministros, parlamentares ou governadores palestinos. Eles não têm permissão
para comprar terras agrícolas, nem o direito de possuir mais do que uma casa.
Em 2015, o bairro palestino de Yarmouk, em Damasco, foi massacrado pelo Estado
Islâmico, sem qualquer comoção mundial, como registrou o jornal britânico
“The Guardian”: “'Yarmouk is being annihilated': Palestinians in Syria are left to their fate”.
“The Guardian”: “'Yarmouk is being annihilated': Palestinians in Syria are left to their fate”.
Cerca de 3.500 palestinos foram mortos na Síria desde o início da
guerra civil. No Líbano, a vida dos palestinos tem inúmeras e severas
limitações: em seu direito de ir e vir, de liberdade e opinião, de trabalhar,
de ter propriedade, de ter direito à saúde e educação.
Na Síria, os palestinos são mantidos
em 12 campos e 42 guetos, com postos de controle da polícia que verificam os
documentos de quem entra e sai. Muitos palestinos não têm documentos, o que
significa que são obrigados a passar a vida dentro da pequena área que lhes é
reservada.
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