Parábolas do Ben Ish Hai (*)
Dois conhecidos entraram em um país e foram presos por
contrabando. Eles receberam a opção de ficar na prisão por três anos ou cada um
pagar uma multa de mil moedas de ouro. Como não conseguiram arrumar o dinheiro,
foram jogados em um calabouço escuro. Um desses prisioneiros estava em um
estado de desespero absoluto sobre o seu destino cruel. Ele se recusava a
comer, não falava e chorava incessantemente. O outro se resignou a aceitar sua
má sorte.
O carcereiro
perguntou ao primeiro homem por que ele estava inconsolável, enquanto seu
parceiro não estava tão incomodado.
“Sim, é verdade
que nós dois temos que servir a mesma pena. No entanto, o meu destino é muito
mais terrível que o dele. Veja, o meu colega de cela não tem recursos próprios
nem ninguém no mundo para pagar o seu resgate. Portanto, ele imediatamente
resignou-se a três anos nesta terrível prisão. No entanto, eu tenho família e
amigos em outra cidade que teriam prazer em me emprestar os fundos necessários”.
“Eu não entrei
em contato com eles porque tenho um amigo rico nesta cidade e estava confiante
que ele iria me emprestar o dinheiro. Contudo, quando fui até ele e expliquei o
meu caso, ele agiu como se não me conhecesse! Saí de sua casa sem nada e a essa
altura já era tarde demais para eu viajar para a outra cidade e procurar a
ajuda de meus outros amigos. É por isso que estou arrasado, porque eu poderia
ter certamente encontrado os meios para me redimir. Além disso, o meu amigo
nesta cidade não só me abandonou, mas pior ainda: nem sequer me ofereceu uma
palavra de conforto. Ele agiu como se nunca tivesse me visto em sua vida. Já o
meu colega de cela não está tão inconsolável porque não sofreu este tipo de
decepção terrível que me traz tanta aflição”.
Na história de
Yov (Jó), quando ele foi afligido por problemas indizíveis, seus três amigos
vieram de longe e ficaram ao seu lado, oferecendo-lhe conforto e apoio
inabaláveis. Um verdadeiro amigo permanece com seu colega haja o que houver. De
fato, nossos Sábios dizem que “é preferível a morte à angústia causada por
amigos infiéis”.
Estendamos a mão
a um amigo que poderia se beneficiar de nosso apoio moral, atenção e
encorajamento.
Que possamos merecer ser amigos fiéis e
dedicados e estar ao lado de nossos companheiros tanto nos bons tempos como,
que não aconteçam, em eventuais dificuldades.
Véspera da viagem aos EUA/Canadá, onde criei o Tropicasher |
Baseado no livro Mashal V’Nimshal,
capítulo 11, do Rabino Yossef Haim
* Ben Ish Hai é um dos livros
escritos pelo Rabino Yossef Haim (Bagdá, Iraque, 1833-1909)
Para receber o e-Mussar: emussar@terra.com.br
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