Quem sou eu

Minha foto
Sociologist by the University of Haifa, specialized in approaches for the gates of knowledge improving communication between Jews and non-Jews. This is an open way to communicate with Jews from Israel, USA, Canada, Europe or those who live in Latin American countries but do not speak Portuguese (in Brazil) or Spanish (all other countries besides Guianas)

Palavras constroem mundos 3 - parte final. por Rabino Yissocher Frond. tradução: Gerson Farberas.

ONAAT DEVARIM INSENSÍVEIS


A terceira forma de Onaat Devarim consiste em observações feitas sem

malícia contra alguém em específico, mas são ditas por falta de sensibilidade ou

– pior ainda – por pura estupidez ou falta de consideração.


Há alguns anos minha esposa quebrou o tornozelo em três lugares.

Cirurgia, placas, parafusos – todo o procedimento. 


Ela ficou de cama por alguns meses. Graças a D’us nossas crianças, amigos e vizinhos foram maravilhosos e ajudaram muito. No processo de recuperação, visitas vinham constantemente desejar-lhe uma pronta recuperação, algumas das quais também tiveram um tornozelo quebrado. Ela me contou que as observações que ouviu se encaixavam em duas categorias gerais. Havia quem lhe dissesse: “Eu também quebrei meu tornozelo e prometo que você vai dançar de salto alto em casamentos. Eu sarei e você também vai sarar!”.


Porém havia pessoas que diziam: “Você sentirá dor toda vez que chover”.

Mesmo que seja verdade, qual o sentido em dizer isso?


Este é um exemplo relativamente brando. Ouvi histórias de pessoas que foram hospitalizadas com doenças sérias e foram visitadas por algum amigo ‘brilhante’ que disse: “Meu tio tinha o que você tem. Você não sabe o que ele passou”.


Mas o prêmio por insensibilidade e estupidez pertence àqueles que vão consolar pais enlutados que estão sentados de shivá (luto) por uma criança, D’us não o permita, e dizem: “Com certeza deve ser uma punição por algo que vocês fizeram!”.

Eu gostaria de estar inventando esses exemplos, mas não estou. Essas

coisas acontecem. E quando acontecem, todos questionam: “O que aquela

pessoa estava pensando?” A resposta, é claro, “Não estava”. Infelizmente há

pessoas que deixam escapar o que vem à sua mente.


Uma vez li uma frase lamentável que resume os nossos sentimentos quando ouvimos pessoas engajadas em Onaat Devarim Insensíveis: “É uma pena que mais pessoas sejam descuidadas e imprudentes (thoughtless) do que mudas (speechless)”.

Rav Haim Ozer Grodzenski (Lituânia, 1863-1940) era conhecido por sua mente

extremamente afiada. Não há como fazer justiça à sua grandeza em menos de

alguns volumes, mas basta dizer que ele foi chamado de “raban shel kol benei

hagolá - o líder de toda a Diáspora”, e que sua influência e orientação se

espalhou de Vilna para toda comunidade judaica da Europa. Conta-se que ele

conseguia escrever duas respostas haláchicas simultaneamente, uma com a mão direita e outra com a esquerda. Por mais perspicaz e genial que fosse o seu
raciocínio, Rav Haim Ozer certa vez fez uma Cabalá (tomou uma decisão) antes de Yom Kipur: “Lachshov kodem kol dibur - pensar antes de falar”.

Se Rav Haim Ozer precisava pensar antes de falar, provavelmente nos levaria uma semana para poder soltar uma palavra.



OS TELEGRAMAS CUSTAM


A fala é muito preciosa, um dos maiores presentes que Hashem nos deu.

Devemos começar a tratar as palavras como dinheiro. Antes de gastar dinheiro,

pensamos duas vezes se a despesa é justificada ou não. As palavras também

devem ser assim tão preciosas.


Aqueles que têm idade suficiente para se lembrar dos telegramas sabem

que, ao enviar um telegrama, se paga por palavra. Ninguém chegava ao balcão

do correio e começava a divagar, porque não queria pagar demais. Antes de

enviar um telegrama a pessoa sentava-se com caneta e papel e escrevia a

mensagem o mais breve e eficaz possível. O Hafetz Haim, Rabino Israel Meir

Kagan (Polônia, 1839-1933), disse que deveríamos falar como se estivéssemos

compondo um telegrama.


Precisamos nos tornar mais sensíveis aos sentimentos dos outros e refletir

sobre as implicações e ramificações de nossas palavras. Não vá a um serviço de

bufê e diga ao dono: “Sabe, uma vez eu comi em tal e tal salão, e a comida

daquele bufê estava magnífica. Eu nunca provei algo tão delicioso”. Como ele vai se sentir?

Se você for a um noivado e vir uma pessoa mais velha ainda solteira, não diga “Nuuuu ?!” Você acha que ele ou ela não está tentando?

De fato, uma vez que um rapaz ou moça chega a certa idade, fiz uma

política rígida para mim mesmo de nem mesmo dizer: “Se D’us quiser, em breve com você”. Eu apenas penso isso. Você pode imaginar como essa pessoa deve sofrer e ficar infeliz por ouvir “Se D’us quiser, com você” centenas de vezes? Sensibilidade. Isso é tudo que é preciso.

A casa do Rabino Yossef Haim Sonnenfeld, o Rav de Jerusalém, era um

verdadeiro ‘domínio público’. As pessoas vinham pedir berachot (bênçãos) e etzot (conselhos) todos os dias. Isso acontecia o ano todo, mas em Hol HaMoed uma multidão de pessoas o visitava. Quase todos os judeus de Jerusalém vinham lhe desejar ‘a Gut Yom Tov’ e receber sua bênção.

Certo Hol HaMoed o Lubliner Rav, Rabino Eliahu Kletzkin (Lituania e Israel,

1852-1932), estava visitando Rav Yossef Haim enquanto o desfile de pessoas

passava por sua casa. De repente, Rav Yossef Haim começou a fazer algo que

nunca havia feito antes. Ele dizia a cada pessoa que chegava: “Mistame geit ihr

tzum Kosel” (Você provavelmente está no seu caminho para o Kotel) ou “Mistamee kumpt ihr tzurik fun Kosel” (Você provavelmente está a caminho de casa vindo do Kotel). 


Durante o restante do dia ele disse essas palavras para cada pessoa que entrava em sua casa.


Naquela noite, alguém lhe perguntou por que de repente ele começou a

fazer essa declaração estranha a cada pessoa. “O senhor nunca fez isto?!”


“Eu pensei comigo mesmo”, explicou Rav Yossef Chaim, “que quando o

Rav Kletzkin visse tantas pessoas vindo à minha casa, ele talvez não se sentisse

confortável. Ele também é um talmid chacham muito grande e talvez sua casa

não fique tão cheia em Hol HaMoed. Ao sugerir a cada pessoa que ela estava

vindo me ver apenas porque estava a caminho do Kotel Hamaaravi, deixei Rav

Kletzkin com a impressão de que, se ele também residisse a poucos minutos do

Kotel, ele também teria tantos visitantes”.


Este é o polo oposto de Onaat Devarim. É a isto que o Rei Salomão se

referiu com “u'leshon hahamim marpê - a língua dos Sábios cura” (Mishlei 12:18). Suas palavras são terapêuticas.

O PRÓXIMO PASSO


Não é suficiente, no entanto, evitar magoar as pessoas. Devemos mudar o

nosso comportamento e aprender a falar palavras que auxiliam, que curam.

Um metsorá (pessoa atingida por uma doença espiritual chamada tzaraat, semelhante à lepra, geralmente como punição por falar Lashon Hará) deveria trazer dois pássaros para expiar seus pecados. O Zohar, o livro básico da Cabalá, explica que um pássaro perdoava pela fala imprópria (por Lashon Hará, por Onaat Devarim) e o outro perdoava por falas apropriadas (ou seja, positivas). Por que uma metsorá era obrigada a trazer uma oferenda por falar boas palavras?

A resposta é que quando chegarmos à corte celestial, além de sermos

responsabilizados por todas as coisas desagradáveis que dissemos, também

teremos que dar contas por não usarmos nossas bocas para elogiar as pessoas,

incentivá-las e fazê-las sentir-se bem sobre si mesmas.







Todos temos uma coisa em comum. Como se diz em inglês, estamos no

“business de palavras” e no “business de pessoas”. Nós constantemente

conversamos. Podemos melhorar a vida das pessoas ao nosso redor – nossos

cônjuges, nossos filhos, nossos colegas de trabalho, nossos funcionários, nossos

alunos, nossas alunas – com palavras! Palavras que não nos custam um centavo!


Falar uma palavra agradável, fazer um cumprimento podem fazer a diferença na

vida de outra pessoa.


Recentemente minha esposa precisou comprar um medicamento. O

farmacêutico ligou para dizer que não tinha o remédio em estoque e que iria

encomendá-lo. Ele ligou uma segunda vez para dizer que havia encomendado,  mas a empresa enviou-o com a dose errada. Ele ligou de volta uma terceira vez

para dizer que desta vez eles enviaram a dose correta, mas a potência errada.

“Eu vou à outra loja da nossa cadeia para ver se eles têm o item correto”, disse

ele. A propósito, este farmacêutico trabalha para a maior cadeia farmacêutica de Maryland e não para uma farmácia local. 

Mas ele fez o que disse e ligaram da farmácia para dizer que minha esposa poderia vir buscar seu medicamento.


Minha esposa queria agradecer ao farmacêutico, mas ele não estava. Ela

escreveu um pequeno bilhete agradecendo-lhe por seus esforços. Da próxima

vez que fui a essa farmácia, o homem me disse: “Recebi o bilhete de sua

esposa. É tão bom receber uma palavra gentil de vez em quando”.


Como vocês acham que foi o dia nessa farmácia depois que o farmacêutico

recebeu essa nota? Tenho certeza que os seus funcionários notaram uma

mudança na atitude do chefe. Tenho certeza de que ele ficaria menos nervoso se algo desse errado, porque estava de bom humor.

E aqueles funcionários voltaram para casa de melhor humor e foram mais gentis com suas famílias, porque seu chefe foi mais gentil com eles. Há um efeito propagador na boa fala. Meu ponto aqui não é defender a causa dos farmacêuticos e seus funcionários, mas defender a causa de nossos próprios cônjuges, filhos e amigos. Nossas palavras podem criar uma diferença incrível em suas vidas – se fizermos apenas o mínimo esforço para encontrar algo agradável para dizer.

Nenhum homem é tão pobre que não possa dar-se ao luxo de dar um elogio. E nenhum homem está acima de precisar de um elogio e palavras de encorajamento. Não importa quão bem sucedido, quão proeminente ou talentosa seja a pessoa.


Quando os cidadãos americanos em Eretz Israel têm filhos, eles precisam ir

ao Consulado Americano registrá-los para receber um Relatório Consular de

Nascimento no Exterior (no lugar da certidão de nascimento) e, se desejarem

viajar com seus filhos, também podem solicitar um passaporte.


Um conhecido meu, um jovem que estuda em um kolel, certa vez apresentou todos os papéis necessários para registrar o seu filho. Porém, de repente, teve que viajar para os EUA para uma emergência médica. A fim de levar seu filho com ele, teve que mudar seu requerimento de um pedido de passaporte regular para um pedido de emergência. Ele ligou para o consulado em pânico, o vice-cônsul atendeu ao telefone e disse ao rapaz que ele cuidaria para que as solicitações fossem alteradas.

Quando o jovem foi buscar o passaporte de emergência alguns dias depois,

escreveu um bilhete de agradecimento ao vice- cônsul e sua equipe por

ajudá-lo.


A família foi para a América, cuidou da questão médica e voltou para Eretz Israel. Alguns meses depois, este jovem voltou ao consulado para solicitar um cartão de Seguro Social para o seu bebê. Quando a pessoa atrás do balcão viu o nome no requerimento, ela disse: “Ficamos gratos por seu bilhete. Ainda está pendurado no quadro de avisos em nosso escritório”.


Aparentemente, os farmacêuticos não são os únicos que apreciam palavras

gentis. Os burocratas também. Todas as pessoas e até mesmo grandes rabanim

precisam de um discurso atencioso e gentil. Mas mesmo isso ainda não é tudo.

Gostaria de compartilhar com vocês uma incrível explicação de um trecho

do Talmud que ouvi em nome do Rabino Shlomo Freifeld Z”TL (EUA, 1925-1990). 


O Talmud (Shabat 89a) relata que quando Moshe Rabbeinu subiu aos céus, viu

Hashem amarrando coroas às letras da Torá.


Hashem disse a Moshe: “Não é costume em sua cidade dizer 'Shalom'

quando você encontra alguém?”


Moshe respondeu: “Um servo precede seu mestre ao desejar 'Shalom'?

O protocolo é que o Mestre fale primeiro e não vice-versa”.

“Você deveria ter Me ajudado”, respondeu Hashem.


O que isso significa? O Todo-Poderoso precisa da ajuda de um mortal?

Rashi explicou que Moshe deveria ter dito: “Titzlach melachtecha - Que o Senhor possa ter sucesso em Seu empreendimento”. Ele viu o Todo-Poderoso fazendo algo e deveria ter-Lhe desejado sucesso em Seus afazeres.

Quando Moshe ouviu isso, continua o Talmud, ele disse: “Ve'ata, yigdal na

koach Hashem - E agora, que a força do meu Senhor seja engrandecida” (Bamidbar 14:17). Moshe deu um cumprimento ao Criador!

Eu lhes pergunto: como entendemos essa passagem? Será que o Todo-

Poderoso, o Onipotente, precisa de palavras de elogios, de palavras de

encorajamento?


A resposta, disse o Rabino Shlomo Freifeld, é que o Mestre do Universo

queria nos ensinar uma lição: não importa quão grande seja a pessoa, todas

precisam de um ‘tapinha nas costas’, um elogio, um hizuk. Ninguém está além

da necessidade de encorajamento.


Não é o suficiente acabarmos com a Onaat Devarim em nosso meio, evitar as observações maliciosas e os abusos verbais. Devemos também nos esforçar para chegar ao próximo nível: encontrar palavras de grande auxílio, que curem e sejam gentis - palavras que aumentem o Shalom no mundo, que promovam
bons sentimentos entre as pessoas e que unam as pessoas dispersas.


Esta é a única maneira pela qual seremos merecedores de receber a vinda

de Mashiach, em breve, em nossos dias, Amén!


Que possamos ter uma ketivá vehatimá tová, um ano com muitos nachat

(alegrias) com nossos familiares, saúde e presenciar a tão longamente

aguardada gueulá (salvação) deste longo e amargo exílio.


SHANÁ TOVÁ A TODOS!




Compartilhar no Google+

Postar um comentário

Seus comentários são muito bem vindos.

 
Copyright © 2011. Tropicasher - All Rights Reserved
Templates: Mais Template
{ overflow-x: hidden; }