O testamento de Iaacov para Iossef, o filho predileto (47:28-31).
Iaacov ganha merecidos dezessete anos de sossego no Egito. Rodeado por sua numerosa família, agora reunida, deleita-se com a proximidade do seu filho predileto Iossef e seus dois netos, que não conhecera desde a infância, Efraim e Menashe. Na idade de 147 Iaacov sabe que seus dias estão terminando e manda chamar Iossef e os netos para prestar testamento e orienta-los sobre seu funeral. Ele sabe que por ser Iossef o governador de todo o Egito, cuidará para que tudo transcorra conforme sua vontade.
Iaacov pede e faz jurar a Iossef que não o sepultará no Egito. Iaacov quer ser sepultado na Mearát Hamachpelá ao lado de Lea, junto a seus antepassados: Adam e Chava, Avraham e Sarah, Itschak e Rivka. Na continuação da narrativa (40:7), Iaacov se desculpa por não ter sepultado Rachel, mãe de Iossef, na Mearát Hamachpelá, insinuando que agiu deste modo por orientação Divina. Rachel, enterrada a caminho de Israel, rogará futuramente por seus filhos desterrados, do lugar de seu sepultamento em Bêt Lechem.
A benção de Efraim e Menashe (48:1-22).
Iossef apressa-se à presença do pai, depois que um emissário chega com a notícia: Iaacov está prestes a falecer. Iossef se faz acompanhar pelos dois filhos e prostra-se diante da cama de Iaacov. Seu pai lhe conta que o Altíssimo o fez profetizar que um de seus filhos se tornaria em duas tribos. Este mérito foi concedido a Iossef, cujos filhos Efraim e Menashe contariam agora entre as tribos de Israel.
Iaacov pede para abençoar os dois netos e Iossef dirige-se até o pai com Menashe o primogênito à sua direita e Efraim à esquerda. Iaacov cruza as mãos e coloca a direita sobre Efraim e a esquerda sobre Menashe, abençoando-os. Iossef pensa que isto é da idade avançada do pai, que já vê com clareza e se apressa a consertar o engano. Mas Iaacov recusa, explicando Menashe é o primogênito e ele também será abençoado, mas Efraim será maior que ele e por isso merece ser abençoado com sua destra.
As bênçãos para os filhos (49:1-28).
Iaacov pede para que os outros filhos entrem, ouçam suas palavras e sejam abençoados. Palavras que definirão a essência e função de cada filho, além de palavras proféticas sobre o que aguarda seus descendentes no futuro. As palavras de Iaacov são intercaladas com reprimendas, na sua maior parte de forma concisa e onde o oculto supera o revelado:
Reuven – primogênito de Iaacov, a ele estava reservada a coroa do sacerdócio, que ficou sendo outorgada a Levi. A impetuosidade minou dele este direito.
Shimon e Levi – Iaacov sublinha em especial a dura característica comum destes dois filhos, que culminou no massacre da população de Shechem e na trama para matar Iossef. Com a finalidade de separá-los, Levi não será mais contado entre as tribos e em seu lugar será adicionado um dos filhos de Iossef.
Iehudá - dotado da capacidade de liderar, é dele que sairá a dinastia monárquica de David, ficando a derradeiro reinado com Mashiach.
Zevulun – seu quinhão de terra será à beira-mar e seus descendentes se ocuparão com o comercio. Seus lucros financiarão o estudo de Tora da tribo de Issachar.
Issachar – esta tribo se dedicará exclusivamente ao estudo da Tora e seus descendentes serão os futuros legisladores de Israel.
Dan – Iaacov profetiza sobre a força do Juiz de Israel Shimshon, descendente de Dan.
Gad – seu nome denota a palavra “Gdud” – batalhão militar. Os descendentes de Gad formarão a linha de frente nas guerras de Israel.
Asher – esta tribo será abençoada com plantios de olivas de qualidade superior, que abastecerão Israel em fartura, com o melhor azeite.
Naftali – herdará o vale de Guinossar será abençoada com frutos de rápido amadurecimento.
Iossef – o filho predileto e singular será recebe palavras de louvor a granel e bênçãos exclusivas. Em suas palavras, Iaacov lembra o que tramaram os irmãos contra ele e seu sucesso, em especial pelo fato de estar vivendo em exílio no Egito.
Benjamim – é lembrado de forma insinuadora o fato de o Bêt Hamicdash estar localizado em suas terras e de alguns de seus descendentes, como o rei Shaul, Mordechai e Ester se tornar lideres e salvadores de Israel em épocas distintas.
Testamento e despedida (49:29-33).
Iaacov repete diante dos filhos seu desejo de ser sepultado na Mearát Hamachpelá, onde foram enterrados Adam e Chava, Avraham e Sarah, Itschak e Rivka e nela Iaacov sepultou Lea. Após abençoar e ordenar os filhos, Iaacov juntou os pés e “juntou-se ao seu povo”.
Iaacov recebe honrarias de reis (50:1-14).
Iossef irrompe em prantos, atira-se sobre o pai e beija-o como forma de despedida. Logo, ordena aos embalsamadores do Egito que preparem o corpo de Iaacov. São decretados no Egito setenta dias de luto como sinal de amor e admiração por Iaacov.
Após receber uma autorização especial do Faraó, Iossef sai à frente dos irmãos em caravana para acompanhar e dar honrarias finais antes do sepultamento de Iaacov. A caravana faz-se acompanhar por cavaleiros e carruagens à terra de Canaã, até a Mearát Hamachpelá, em Hevron. Os habitantes da terra de Canaã e seus reis se impressionaram com a grandiosa caravana que vem do Egito e juntaram-se a ela durante a procissão. Deste modo, Iaacov Avinu teve o mérito de um funeral de reis, do qual fazia por merecer.
Os irmãos temem por vingança (50:15-21).
Após a morte de Iaacov os irmãos de Iossef temem que agora que o pai já não está presente, ele se vingará sobre o mal que lhe haviam feito. Foram então de livre vontade a Iossef, jogaram-se aos seus pés e se ofereceram como escravos para se safarem da vingança.
Iossef o Tsadik chora ao ver os irmãos se humilharem diante dele e promete que de sua parte não há ressentimento nem vontade de lhes fazer qualquer mal. Iossef explica que mesmo se tivessem algum pensamento mal no ato de sua venda, ele o aceitou com amor pelo fato da Providência Divina o ter levado ao Egito e deste modo ele poder ter salvo o mundo da fome. Iossef promete aos irmãos que continuará a mantê-los e a zelar por eles como antes.
O testamento de Iossef (50:22-26).
Iossef ganha o mérito de ver netos e até mesmo bisnetos em vida, chegando aos 110 anos de idade. Antes de sua morte, ordena em seu testamento aos irmãos, numa espécie de profecia, que um dia D-us fará os filhos de Israel subir da terra do Egito. Iossef ordena aos irmãos que digam a seus filhos e os filhos dos seus filhos, que ao chegar a ordem Divina para subirem da terra do Egito, devem levar seus ossos para serem sepultados na Terra de Israel.
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