O Senso das doações e Sua função (38:21-23)
Após a conclusão do Livro Shemót com a instituição do Mishkan e sua impregnação com a Presença Divina, o Livro Vaicrá e parashá de mesmo nome iniciam sua narrativa com as leis relativas às oferendas dentro do Tabernáculo (Mishkan). Como quase todo este livro, o terceiro do Pentateuco, trata na maioria dos casos, do serviço dos sacerdotes no Mishkan, também passou a ser conhecido pelo nome de Torat Cohanim.
A oferenda voluntária de Olá – do rebanho bovino (1:1-9)
O homem pode oferecer um sacrifício a Hashem sempre que seu coração assim almeje. A Torá começa especificando as leis relativas à oferenda de ascensão (Olá). Esta oferenda tem este nome porque sua queima sobe integralmente aos céus de cima do Altar. Pode ser bovinas, ovinas, aviárias e também vegetais.
Se for bovina, deve ser de um macho. Quem a oferece deve colocar ambas as mãos sobre a cabeça da oferenda e solicitar o que desejar. O boi é sacrificado e os Cohanim despejam o seu sangue por sobre o Altar. Depois escalpam a pela do boi, cortam sua carne em pedaços e os põe a queimar sobre o Altar, como oferenda.
Olá de um rebanho ovino (1:1-13)
Ovelhas, cabras e cabritos também dever ser machos para serem oferecidos como Olá. Após o abate seu sangue é derramado sobre o Altar, sua carne é cortada em pedaços e colocada para queimar como oferenda em cima do Altar.
Olá aviária (1:14-17)
Devem ser trazidos pombos ou rolas, que são abatidos por um processo chamado Meliká (à unha): o papo da ave é cortado, o sangue derramado sobre o Altar e a ave, cortada em pedaços, é posta para queimar como oferenda sobre o Altar.
Olá vegetal (2:1-13) – a Minchá (oblação)
Qualquer um pode trazer uma oferenda vegetal, mas esta oferenda é geralmente da população mais pobre. A Torá especifica cinco tipos de Minchá:
Minchá de Sêmola: feita com grãos de sêmola misturados a azeite e libânio. O Cohen pega um punhado de sêmola besuntada com azeite e oferece no Altar junto ao libânio. O restante da Minchá é comido em estado de pureza e santidade pelos Cohanim.
Minchá assada no forno: feita na forma de Chalót tendo a farinha sido absorvida pelo azeite antes de assar, ou como bolinhos besuntados com azeite.
Minchá na frigideira: sêmola besuntada com azeite e frita na frigideira.
Minchá marchéshet: idem frita em azeite profundo.
Todas estas Menachót são comidas pelos Cohanim depois que o Cohen pega um punhado de cada uma delas e oferece no Altar.
A Torá esclarece que todas as Menachót devem ser feitas como Matsót [casher para Pessach] e não podem conter Chamêts. Também não podem ser misturadas a suco de frutas. Não obstante, todas os tipos de oferenda devem conter sal, pois há um pacto que exige a presença do sal em tudo o que é oferecido sobre o Altar.
Minchát Bicurim – primícias (2:14-16)
A Torá lembra mais um tipo de Minchá vegetal, embora seja feita com cevada – a oferenda do Ômer. Esta Minchá é oferecida um dia após o Pessach.
Oferenda de pazes – Shelamim (3:1-14)
Esta oferenda também é voluntária. Mas diferentemente da Olá, não é toda ela queimada no Altar. Somente alguns órgãos internos são queimados sobre Altar. O restante do animal é compartido entre seus donos e os Cohanim. Este é um dos motivos pelo qual é chamado de Shelamim – pois causam a paz entre o Altar, os Cohanim e seus donos.
Esta oferenda pode ser bovina ou ovina, de machos ou fêmeas. Também neste caso o dono coloca suas mãos sobre a cabeça da oferenda, para realizar uma prece ou pedir o perdão dos céus; logo após o animal é abatido e os Cohanim despejam seu sangue sobre o Altar. Alguns órgãos internos são queimados sobre o Altar.
Oferenda de expiação (4:1-2)
Aquele que incorre acidentalmente sobre uma proibição da Torá cuja punição é a extirpação da alma (Carêt), deve trazer uma oferenda de expiação.
Expiação do Sumo Sacerdote (3:12)
Se pecar e lhe for imposto trazer uma oferenda de expiação, o Cohen deve trazer um boi, colocar ambas as mãos sobre sua cabeça e rogar o perdão Divino, abatendo logo após o animal. O sangue será aspergido sete vezes sobre a cortina que separa o pátio sagrado (Heichal) e o Santo dos Santuários (Kodesh Hakodashim), assim como sobre os cantos do Altar de ouro interno – o Altar do incenso. Alguns dos órgãos internos do animal são queimados sobre o Altar e o restante é queimado fora do acampamento.
Oferenda de expiação do San´hedrin (4:13-21)
Quando o San´hedrin, o Supremo Tribunal de Israel cometia um erro acidental ao decretar uma Halachá e, conseqüentemente, todo o povo de Israel pecava, era preciso que tragam uma oferenda especial de expiação: antes do abate do boi, os anciãos do povo colocavam suas mãos sobre a cabeça do animal e rogavam o perdão dos céus. Após o abate o Cohen Gadol aspergia seu sangue sete vezes sobre o Paróchet e sobre o Altar interno. O restante do sangue era derramado sobre os pés do altar de Olá que ficava no pátio.
O Cohen queimava alguns órgãos internos e o restante do animal era queimado fora do acampamento.
Oferenda de expiação do Nassi - príncipe da nação – (4:22-26)
Quando o pecador acidental é um príncipe de Israel, sua oferenda deve ser um cabrito. Ele também deve colocar as mãos sobre a cabeça do animal e se confessar. Após o abate, os Cohanim despejam o sangue do animal sobre os cantos do Altar da Olá externo e o restante do sangue é derramado sobre os pés do Altar. Após a queima de alguns órgãos internos, seu pecado é perdoado.
Oferenda de expiação do cidadão comum (4:27-35)
Quando o pecador acidental é um judeu que não se enquadra nas categorias anteriores, sua oferenda de expiação deve ser uma cabra ou uma ovelha, ambas fêmeas. Ele também deve confessar seu pecado colocando ambas mãos sobre a cabeça do animal. Após o abate no lado norte do pátio, seu pecado é perdoado logo ao ser derramado o sangue do animal sobre os cantos do Altar externo e queima de algumas de suas partes sobre o Altar.
Oferenda que “sobe e desce” (5:1-13)
A Torá enumera alguns pecados que obrigam trazer um tipo adicional de oferenda de expiação: quem se nega a prestar testemunho, quem come carne santificada em estado de impureza e quem transgride acidentalmente sua jura. Esta oferenda é chamada de “sobe e desce”, pois a Torá a permite ser levada de acordo com a condição financeira de quem pecou: o rico deve trazer uma ovelha ou cabra, enquanto que o pobre pode trazer como oferenda dois pombos ou duas rolas, ao passo que o indigente pode se contentar em trazer uma oferenda de flor de farinha de trigo ou sêmola.
Oferenda por profanação (5:14-16)
Uma pessoa que teve proveito acidentalmente de algo consagrado ou de propriedades santas, deve levar uma oferenda de culpa (Asham): um carneiro macho no valor de dois selaim. Deve também restituir o que tomou dos recursos sagrado acrescido de vinte por cento do valor a ser restituído.
Oferenda pendente de culpa – Asham talúi (5:17-19)
Quando houver dúvida sobre o homem ter cometido um pecado cuja punição seja Carêt, ele deve trazer uma oferenda pendente. Por exemplo, o homem tinha à sua frente dois pedaços de carne idênticos, sendo uma deles uma carne permitida e outro um pedaço de Chélev (sebo), cuja punição por ingestão é Carêt. O homem, sem poder distinguir qual carne era permitida, comeu da carne proibida, sendo avisado que um daqueles pedaços era proibido somente após tê-lo ingerido. Neste caso deverá trazer uma oferenda especial – por via das dúvidas. Se ficar constatado que realmente comeu da carne proibida, deverá trazer uma oferenda de expiação.
Oferenda de culpa por roubo (5:20-26)
Outro tipo de oferenda por culpa, neste caso deve ser trazido um carneiro macho no valor de dois selaim, para quem roubou um colega, extorquiu o salário de um empregado, negou ter feito um empréstimo, ou um penhor que tenha em mãos; negou um objeto perdido que havia encontrado e tomou para si etc. Uma oferenda de culpa deve ser trazida depois que o culpado admitiu seu erro e restituiu o valor apropriado indevidamente, acrescido de vinte por cento do valor inicial.
(esta Parashá contém 111 versículos)
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