Na Parashá desta semana, Hashem diz a Moshe צו את אהרון ואת בניו - comande a Aharon e seus filhos. Rashi escreve, אין צו אלא לשון זירוז - Tzav- comande é uma expressão de agilizar. Moshe foi informado por Hashem para inspirar e encorajar os Kohanim em relação ao seu trabalho com o Korban Olah. O Rabino Reuven Elbaz escreve em seu livro Moshcheni Acharecha que durante a vida, Hashem dá a todos momentos de encorajamento e inspiração; é o trabalho do homem aproveitar estes momentos e usá-los para elevar-se espiritualmente e aproximar-se de Hashem.
Rav Yechezkel Levenstein, o grande Mashguiach da Yeshiva de Ponevezh, em Israel, que inspirou milhares de pessoas com suas obras literárias intituladas Ohr Yechezkel, certa vez compartilhou com um de seus alunos que atribuía todos os seus ganhos espirituais a um determinado momento de inspiração que ele agarrou e manteve consigo para o resto de sua vida. Foi durante um discurso que ele ouviu do grande Mashguiach de Mir, R. Yerucham Levovitz. Nesse discurso, ele aprendeu o que significa sentir a presença de Hashem em todos os momentos e enxergá-Lo em tudo o que ele faz e onde quer que ele se dirija.
Todos experimentam a Hashgachat Hashem (providência divina) em suas próprias vidas. Às vezes, somos capazes de enxergar isso melhor em algumas ocasiões do que outras. Uma das razões pelas quais Hashem nos permite ver Sua mão claramente nesses momentos é porque Ele está nos dando momentos de inspiração. O homem sábio captura o momento e o grava em seu cérebro para toda a vida, utilizando-o para se aproximar de Hashem. E então, mesmo durante os momentos difíceis, onde sua determinação está sendo testada, ele não cede em sua Emunah porque sabe que Hashem está com ele.
O Rabino Elbaz trouxe uma parábola para cristalizar tal ponto. Se um homem estivesse perdido e então se deparasse em uma floresta escura com animais selvagens à espreita, a escuridão sendo tão densa que ele mal conseguia ver um palmo à sua frente. Ele não tem ideia de como escapar, mas sabe que precisa fazer isso rapidamente antes que seja pego por um animal. Então, de repente, um raio pisca. A floresta inteira se ilumina. O homem inteligente fará questão de capturar essa imagem e depois usá-la para navegar para fora dali. Assim também é na vida. Hashem dá a todos momentos de clareza. Cabe a nós utilizá-los para nos ajudar a navegar pela vida adequadamente. Todos experimentamos Hashgachah Pratit. Não precisa ser necessariamente com coisas grandes. Mas quando esses momentos acontecem, Hashem está falando conosco.
Às vezes, alguns momentos são mais claros do que outros. O Dr. Meir Wikler relatou uma história sobre um homem, Meyer Isakov, e sua esposa que viviam em Har Nof, um bairro em Jerusalém, Israel. Ambos dispunham das mais maravilhosas midot e a casa deles estava sempre aberta para receber convidados. Embora não tivessem tanto dinheiro, eles sempre conseguiam convidar para entrar e receber as pessoas que tocassem à sua porta. Um baal teshuva chamado Zev Eisner inspirou-se com os ensinamentos do Aish HaTorah e deixou sua vida secular na Califórnia para estudar naquela Yeshivah em Israel. Ele era muito tímido e nunca se sentia a vontade para ir à casa de outras pessoas para comer, até conhecer Meyer e sua esposa. Ele se sentiu tão confortável lá, que fez deles sua casa preferida. No único Shabat por mês que ele saía da Yeshivah, ele sempre ia comer na casa deles.
Baruch Hashem, após nove longos anos, Meyer e sua esposa foram abençoados com seu primeiro filho. A alegria deles não tinha limites. Eles colocaram o bebê em um berço em outro cômodo do apartamento. Faltavam algumas semanas antes de Sukkot e Zev foi passar o Shabat com eles. Antes de sair, ele perguntou se poderia ficar com eles durante toda a festa de Sucot, pois sua Yeshivah estaria fechada. “Claro”, responderam de imediato, embora não houvesse espaço no apartamento para ele dormir. Já que eles dormiriam na sucá de qualquer maneira, não seria um problema. O único problema era que eles não tinham colchões extras para ele dormir e também não podiam comprar um. Eles esperavam que nas próximas semanas pudessem pegar um emprestado. No entanto, enquanto o Yom Tov se aproximava, eles não obtiveram sucesso em encontrar um. Meyer deu a sua esposa chizuk (força) dizendo para que ela não se preocupasse, pois eles estavam fazendo o ratzon Hashem e ele tinha certeza de que Hashem ajudaria. Sua esposa lhe disse: “Eu gostaria de ter a sua confiança. Você sabe, este colchão não é a única coisa que precisamos. O nosso bebé está crescendo e em breve precisará de um cadeirão”.
“Eu gostaria de poder pagar por um”, respondeu Meyer. “Mas você sabe como é impossível para nós comprar algo tão caro agora. Ainda poderíamos nos virar sem ele e, quando realmente precisarmos, Hashem nos fornecerá”. No dia seguinte foi véspera de Sukkot. Até Meyer sentiu sua Emunah sendo testada. Ele ainda não tinha cama para Zev, que chegaria em algumas horas. Duas horas depois, a campainha tocou. Era Shia, vizinho que morava no quarteirão ao lado. Ele precisava de um favor: ele também tinha um bebê em casa e muitos convidados chegando. Como ele precisava de espaço para acomodar os convidados, disse que havia algumas coisas de que não precisaria por um tempo, mas não queria vendê-las. Então ele estava se perguntando se Meyer tinha algum espaço de armazenamento para estes objetos. “O que seriam?”. Uma cama dobrável e um cadeirão.
A Hashgachá de Hashem foi incrível, enviando-lhes exatamente o que precisavam no momento exato em que precisavam. Para Meyer e sua esposa, aquele foi um momento de clareza, uma indicação nítida de que Hashem estava com eles, um momento que jamais esqueceriam. Se usarmos os momentos de inspiração que Hashem nos dá, seremos capazes de crescer e nos tornar as pessoas que devemos ser.
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